Abstract in Portuguese | O mundo teme a guerra, o mundo teme respirar os ares asiáticos, o mundo teme a falta de água. O mundo finalmente unificado em torno de um sentimento comum, o medo globalizado. De avião, o agente da superpneumonia atravessa fronteiras geográficas, políticas e ideológicas — como o vírus da Aids já o havia feito com eficácia — e pelos canais de comunicação sua fama o precede. As assassinas e injustificáveis bombas de Bush, o Filho, explodem em todas as casas do mundo onde haja uma caixa colorida, um rádio de pilha, uma placa de fax-modem ou uma página de jornal. Ali, e pelos mesmos meios, espalha-se igualmente o terror do ditador iraquiano e o estrondoso e vergonhoso silêncio das organizações internacionais a respeito de tantos outros regimes opressores e interesses alheios ao bem-estar das populações, durante todo esse futuro-do-pretérito chamado século XX.
Petróleo e água vão faltar, o preto e o branco da simbiose energética yin-yang. Em alguns lugares, tal previsão já é realidade cotidiana, doença e morte; em outros, desperdício, ostentação, gula, mera abstração. Questão de tempo para esta tornar-se aquela. Em breve, mais uma atração globalizada: a escassez, ampla, geral, irrestrita. Como dizia Aristóteles, não exatamente com essas palavras, “a natureza tem limites, a ambição humana não”. Por aqui, em nosso Brasil, tenta-se globalizar a esperança (página 7) e a solidariedade (página 9) de um jeito bem nosso, o que reveste de seriedade a carioquíssima frase do filósofo-pop Jorge Mautner: “Ou o mundo se brasilifica, ou vira nazista”.
O Programa Radis busca tramar redes de informação e malhas de conhecimento à velocidade da prensa, do som, da luz. Tramas bem urdidas, visando ao ‘deslocamento de poderes’. Nesta edição do Radis, inauguramos mais um compromisso com os leitores, expresso na capa da revista, concretização da responsabilidade assumida diante do próprio ministro Humberto Costa: devemos atuar como a principal voz impressa das questões implicadas na já convocada XII Conferência Nacional de Saúde. Nos próximos meses, a revista Radis apresentará um histórico das mais importantes Conferências ocorridas, as teses principais desta nova Conferência, as expectativas e perspectivas do ‘povo da saúde’ e da sociedade civil organizada em relação a ela, e também coberturas pontuais e completa das Conferências estaduais, municipais e nacional, até o momento de sua repercussão nos organismos de governo e sociais do país. A XII Conferência Nacional de Saúde começa agora. | pt_BR |