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- IFF - Teses de Doutorado [172]
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TRAJETÓRIA DE RISCO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: A CONVIVÊNCIA COM A VIOLÊNCIA COMO GATILHO PARA A DEPRESSÃO
Avanci, Joviana Quintes | Data do documento:
2008
Autor(es)
Orientador
Afiliação
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Fernandes Figueira. Departamento de Ensino. Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher. Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Resumo
Esta tese investiga o perfil sócio-epidemiológico de crianças e adolescentes escolares
com sintomatologia depressiva, com destaque à compreensão da violência familiar como
variável de risco. Baseia-se nos dados de duas pesquisas com desenho transversal
desenvolvidas pelo CLAVES/FIOCRUZ em escolas do município de São Gonçalo no
Estado do Rio de Janeiro. Como parte dos resultados, três artigos científicos foram
produzidos. O primeiro investiga a associação entre o comportamento retraído/depressivo
de crianças escolares e a presença/ausência dos diferentes tipos de violências (agressão
verbal e violência física) vividas em casa, na escola e na comunidade. Baseia-se numa
amostra de 479 alunos escolares entre 6-13 anos, estudantes da 1ª série do Ensino
Fundamental de escolas públicas do município, 2005. O comportamento de
retraimento/depressão (CBCL; Achenbach & Rescorla, 2001) e outras vivências de
situações de violência na família (CTS; Straus, 1979; Hasselmann & Reichenheim,
2003), na escola e na comunidade (Kahn et al., 1999) são investigadas. A análise de
correspondência múltipla e a análise de cluster indicam que as diferentes vitimizações
pela violência tendem a estar mais próximas do comportamento de retraimento/depressão
a nível clínico e limítrofe, enquanto que a não vitimização das violências se aproxima
desse comportamento a nível não-clínico. O segundo artigo busca identificar fatores
psicossociais potencialmente de risco à depressão infantil, com destaque à violência
familiar, utilizando a sub-escala de retraimento/depressão (Achenbach & Rescorla, 2001)
e medidas psicossociais. Baseia-se num inquérito com mães de 464 crianças escolares
entre 6-10 anos, estudantes da 1ª série do Ensino Fundamental de escolas públicas de São
Gonçalo/RJ, 2005. Dez por cento das crianças são identificadas com problemas de
retraimento/depressão. A análise de regressão hierárquica mostra que famílias
constituídas por madrasta/padrasto (OR 2,30; 95% IC 1,10 to 5,26), o ruim ou regular
relacionamento com o pai (OR 2,44; 95% IC 1-5,98), a violência marital (OR 2,63; 95%
IC 1,17-5,95), a humilhação da criança pelos familiares (OR 4,88; 95% IC 1,60-14,88), a
baixa auto-estima (OR 2,69; 95% IC 1,12-6,46) e os problemas externalizantes (OR 2,51;
95% IC 1,06-5,98) estão associados à depressão infantil. O terceiro artigo identifica
fatores sócio-demográficos, familiares e individuais potencialmente de risco à
sintomatologia depressiva em adolescentes escolares de São Gonçalo/RJ. Baseia-se num
estudo transversal com 1.923 alunos das 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e 1° e 2°
ano do Ensino Médio de escolas públicas e privadas do município, 2004. Sintomatologia
depressiva (Harding, 1980; Wagnild & Young, 1993) e outras medidas psicossociais são
aferidas. Os resultados revelam que 10% dos adolescentes apresentam sintomatologia
depressiva (SD). Meninas têm mais que o dobro de chance de apresentar SD do que os
meninos (1,58-3,67 IC); vítimas de violência severa cometida pela mãe têm 6,49 mais
chances (2,07-20,3 IC); adolescentes que vivenciaram separação dos pais têm 73% mais
chances (1,16-2,57 IC); adolescentes com baixa auto-estima têm 6,43 mais chances;
(2,63-15,68 IC) e aqueles que estão insatisfeitos com a vida têm 3,19 mais chances (2,08-
4,89 IC) de apresentar sintomas de depressão. Ressalta-se a necessidade do
desenvolvimento de políticas públicas eficazes no atendimento infanto-juvenil,
especialmente a nível preventivo, contemplando aspectos psicossociais estratégicos para
cada faixa de desenvolvimento, com a formação de uma rede de tratamento, capaz de
minimizar a vivência da depressão e de situações de violência.
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