Comissões de saúde do trabalhador: uma experiência de reflexão crítica sobre o cotidiano

Abstract

O meu período de experiência com essas comissões compreende-se entre janeiro de 2015 e março de 2016. Criação das comissões de Saúde do Trabalhador do ICTB/Fiocruz e o processo vivido de reflexão crítica sobre o trabalho e a produção reificadora. Produzir reflexão junto aos trabalhadores do ICTB/Fiocruz sobre as relações adoecedoras e o impacto da reificação do trabalho vislumbrando o desdobramento de ações a fim de reduzir os agravos à saúde física e mental, através de reivindicações e lutas coletivas em defesa da saúde pública. As comissões de saúde do trabalhador foram formadas através de um projeto da CST/Fiocruz em diferentes unidades da instituição. No ICTB/Fiocruz foram realizadas reuniões com os trabalhadores, a CST e a Seção de Saúde do Trabalhador (SST) da própria unidade para apresentar o projeto e estudar conceitos teóricos referentes a saúde e ao trabalho. Posteriormente os trabalhadores decidiram sobre o funcionamento e a composição dessas comissões e elaboraram um plano de ações. Foram pactuados planos de ação de cada comissão com setores da unidade. Algumas ações a curto prazo foram realizadas de imediato como o acolhimento ao sofrimento mental, além de encaminhamento para a RAPS; trabalhos coletivos visando melhoria do clima organizacional a partir de solicitações das comissões; reelaboração de POP‘s objetivando melhores condições de trabalho; revisão dos PPRA e dos PCMSO; ações culturais e esportivas com horários protegidos dentro da rotina de trabalho; dentre outras. A saúde do trabalhador depara-se recorrentemente com questões emergentes, que conduzem à fixação de novos objetos de estudo, sendo assim rico campo para entender as relações sociais dentro do modo de produção capitalista. Portanto, a defesa da saúde do trabalhador deve ser enxergada como parte da própria luta de classes, pois tenciona-a através da análise crítica sobre o Trabalho e da articulação dos trabalhadores ao vislumbrar condições de produção, trabalho e vida diferentes da sociedade atual. Lara (2011) afirma que as organizações em defesa dos direitos da classe trabalhadora devem estar atentas à saúde, provocando reflexões e ações para tal classe projetar mudanças que neguem radicalmente as condições vigentes de vida dentro e fora do trabalho. Acredito que as comissões citadas caminhavam para delinear importantes mudanças através do estranhamento dos trabalhadores sobre os processos de trabalho experienciados em seus cotidianos.