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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4909
VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHERES: ENTRE A (IN)VISIBILIDADE E A BANALIZAÇÃO
Relações interpessoais
Saúde da mulher
Mulheres maltradas
Sexualidade
Berger, Sônia Maria Dantas | Date Issued:
2003
Alternative title
Sexual violence against women: among the (in)visibleness and the banalityAuthor
Advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
Estudo de base qualitativa que discute definições relacionadas ao fenômeno da violência contra mulheres desde uma abordagem relacional de gênero e sexualidade. Aponta incidência e gravidade da violência praticada por homens contra mulheres, em especial nas relações de conjugalidade, problema complexo que faz interagir
paradigmas da saúde pública e de direitos humanos. Diante das estatísticas nacionais constata a invisibilidade e escassez de produção acadêmica referentes às queixas femininas sobre a violência sexual, tanto aquela perpetrada no âmbito público (estupro por desconhecido) como privado (coerção e/ou violência sexual marital) .Toma como
desafio compreender em que medida estereótipos baseados em gênero, aliados às condições estruturais existentes, banalizariam ou impediriam a visibilidade da violência sexual, especialmente nas relações de conjugalidade.
Foram realizadas 12 entrevistas com mulheres em situação violência conjugal violenta e mulheres que viveram a violência sexual perpetrada por homem desconhecido, do tipo estupro. A relação sexual não consentida no casamento não tomou diretamente a conotação de violência, já o estupro cruento foi comparado à uma morte. Em alguns pontos, as duas experiências sexuais se assemelharam : ter nojo da
relação, se lavarem imediatamente, perderem o desejo sexual , correrem riscos de uma
gravidez indesejada e de contraírem Ist.
Conclui que o estupro conjugal banalizou-se, contando com respaldo social do
sexo como dever conjugal. O fenômeno da violência conjugal, situado nas relações
interpessoais, é remetido ao contexto estrutural. O tradicional controle masculino
baseado em seu papel de provedor está em xeque e a resistência à sua transição, tanto
por parte do parceiro como da parceira, radicaliza conflitos e colabora para a ocorrência
da violência, inclusive sexual, entre o casal. A revisão dos contratos conjugais e
retomada da reciprocidade, do ponto de vista relacional-estrutural, precisaria contar com
a participação dos dois gêneros e de melhores condições sociais e econômicas para
homens e mulheres. A atenção integral à violência sexual implicaria na
intersetorialidade e interdisciplinaridade entre políticas públicas de atenção à violência
doméstica e violência sexual.
Abstract
This is a qualitatively study which discusses the phenomenon of violence against women, from the perspective of gender and sexuality. The incidence and gravity of violence practiced by men against women, particularly with in partnership relations, is a complex problem that brings public health and human rights paradigms into interaction. In the realm of national statistics, female complaints regarding sexual violence, whether
of a public nature (rape by a stranger) or private (sexual coercion or violence in marriage), are few and largely invisible. This creates challenges in determining generic averages of gender violence which, when combined with existing structures, banalizes or impedes the visibility of sexual violence, especially within marriage. Twelve interviews with women living with sexual violence within marriage and women that had experienced rape perpetrated by a stranger were conducted. Nonconsensual sex within marriage was not named by them as violence, while rape by a stranger was compared to death. On certain points, the two types of sexual violence
experiences elicited similar responses: disgust with the relation, immediate washing by the victim, concern of the risk of undesired pregnancy and sexual disease. I conclude that marital rape has been made invisible by the social notion of sex as a marital obligation. The phenomenon of marital violence, within interpersonal relations, is related to the structural context: the traditional of masculine control based on the provider role is under threat, and resistance to this change involves both the male and female partners, radicalizing conflicts that contribute to violence, including sexual
violence, in the partnership. The revision of conjugal contracts to reflect reciprocity, from this relational/ structure point of view of, would require participation of the both genders and improved social and economic conditions for both men and women. Integral attention to sexual violence and health would require intersectorial and interdisciplinary action within public policy related to domestic violence and sexual violence.
Keywords in Portuguese
ViolênciaRelações interpessoais
Saúde da mulher
Mulheres maltradas
Sexualidade
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