EPSJV - Teses de Doutorado dos Profissionaishttps://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/93312024-03-29T11:04:20Z2024-03-29T11:04:20ZConvivência como atividade de produção do comum: cartografias com centros de convivênciaAlvarez, Ariadna Patricia Estevezhttps://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/576442023-03-31T17:19:50Z2020-08-13T00:00:00ZConvivência como atividade de produção do comum: cartografias com centros de convivência
Alvarez, Ariadna Patricia Estevez
O propósito da tese foi problematizar a noção de convivência a partir de pesquisa cartográfica com os Centros de Convivência e Cultura (CECOs) da cidade do Rio de Janeiro, realizada entre os anos de 2016 e 2020. Os CECOs estão ligados à Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde visando sustentar a diversidade na cidade por meio de ações de arte, cultura, esporte, educação, lazer,trabalho e economia solidária. No que concerne às políticas públicas de saúde, os CECOs têm transitado entre a marginalidade, a inclusão e a exclusão das fronteiras do que é instituído e do que é instituinte, o que produz um grau de invisibilidade desse trabalho. Este estudo se ocupou em investigar como se constitui a atividade de trabalho da convivência seguindo o princípio metodológico da clínica da atividade de que colocar o trabalho em debate amplia o poder de agir dos trabalhadores. A pesquisa instaurou diferentes dispositivos dialógicos e está organizada em cinco cartografias: 1) Encontros de conviventes no Fórum Estadual de CECOs do Rio de Janeiro; 2) Entrevistas com militantes históricos da luta antimanicomial; 3) Grupos de coanálise da atividade com a equipe do CECO Trilhos do Engenho, em que se analisou o lugar do CECO; 4) Grupos com a equipe do CECO Polo Experimental,em que se analisou o ofício dos oficineiros; e 5) Grupos com a equipe do CECOZona Oeste, em que se analisou a dimensão afetiva desse trabalho. Afirma-se a atividade de convivência dos CECOs como um trabalho afetivo antimanicomial, feito principalmente por oficineiros, cujo ofício é estar sensível agindo de modo coletivo com um público heterogêneo, que transita na cidade. A saúde dos conviventes,sejam usuários, sejam trabalhadores ou pesquisadores, é produzida na convivência.E a convivência é ao mesmo tempo produto e produtora do comum. Foi no dispositivo dialógico do Fórum, em que a interlocução e a convivência contavam com maior grau de transversalidade na comunicação, que se produziu coletivamente o projeto de lei n. 4.563/2018, o qual criou a Política Estadual dos Centros de Convivência da Rede de Atenção Psicossocial no Estado do Rio de Janeiro. A tese na qual a pesquisa chegou é de que a convivência, no contexto dos CECOs, é uma atividade de trabalho coletiva de produção do comum, conceito compreendido como multiplicidade que se manifesta por meio dos processos sociais colaborativos de produção. (AU)
2020-08-13T00:00:00ZA “grande família” do Instituto Oswaldo Cruz: a contribuição dos trabalhadores auxiliares dos cientistas no início do século XXReis, Renatahttps://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/563022023-01-03T19:23:41Z2018-01-01T00:00:00ZA “grande família” do Instituto Oswaldo Cruz: a contribuição dos trabalhadores auxiliares dos cientistas no início do século XX
Reis, Renata
No Brasil da Primeira República, o legado do longo período de escravidão, aliado aos
interesses de manutenção da propriedade privada, dos privilégios das elites agrárias, e, por
outro lado, as lutas e resistências das classes subalternas, resultaram na conformação de um
processo social que combinou a construção de uma nova ideologia do trabalho, como
sinônimo de progresso e dignidade, e a repressão à ociosidade das chamadas classes
perigosas. Neste processo, a incorporação de outras formas ideológicas de manutenção e
expropriação da força de trabalho envolveu relações sociais que se assemelhavam a vínculos
paternais e envolviam a cordialidade e o favor como mediações principais. No Instituto
Oswaldo Cruz, enquanto uma instituição situada neste tempo histórico, os afetos operaram
como recursos que buscaram amenizar a exploração do trabalho e os possíveis conflitos
emergentes da desigualdade, gerados principalmente, por mecanismos de poder, autoritarismo
e distinção de classe que se manifestavam na totalidade da construção do trabalho livre e na
particularidade do cotidiano do trabalho em Manguinhos. Ao observamos as trajetórias
profissionais dos trabalhadores subalternos do Instituto Oswaldo Cruz, a primeira questão que
se destaca é a presença de ligações de cunho pessoal que atravessaram as relações de trabalho
na instituição. Estas podiam ser de parentesco, amizade ou algum outro tipo de vínculo, tanto
com pesquisadores do Instituto como com outros funcionários. A pessoalidade esteve presente
desde o recrutamento, passando pela formação profissional, ascensão funcional, incluindo
aspectos como a residência e alimentação no próprio local de trabalho. Agindo como sujeitos
de suas próprias histórias, os trabalhadores subalternos souberam transitar pelos meandros de
uma hegemonia cultural da instituição, que tentava impor um modo de vida onde o cientista
era incontestavelmente soberano, atuando de forma a reverter os mesmos mecanismos de
manutenção da hegemonia dominante em favor de seus próprios interesses. A moradia no
Instituto, ao mesmo tempo em que os submetia a um regime de trabalho quase que
ininterrupto, favoreceu relações de solidariedade e ajuda mútua entre os companheiros de
trabalho, como a organização de práticas associativas que pressupunham a institucionalização
de sociabilidades de diferentes ordens, de esporte, lazer e religiosidade.
2018-01-01T00:00:00ZJogo é para o que se move: Design como favorecedor da construção de espaços colaborativos e dialógicos de ensino-aprendizagem por meio da criação e adaptação de jogos analógicosDias, Cynthia Macedohttps://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/561802023-06-07T17:06:39Z2020-06-01T00:00:00ZJogo é para o que se move: Design como favorecedor da construção de espaços colaborativos e dialógicos de ensino-aprendizagem por meio da criação e adaptação de jogos analógicos
Dias, Cynthia Macedo
O tema desta pesquisa é a criação e adaptação de jogos analógicos por
alunos e professores, como estratégia de construção de espaços colaborativos e
dialógicos de ensino-aprendizagem, fundamentada em competências do Design. A
criação de jogos com alunos ainda é, muitas vezes, vinculada à aquisição de
competências técnicas, de raciocínio lógico e de resolução de problemas e ocorre,
predominantemente, em plataformas digitais e em aulas de informática, ou ainda
em cursos cuja finalidade é ensinar a criar jogos. A criação ou adaptação de jogos
analógicos envolve desafios que são ainda maiores na Educação Básica,
especialmente para que o processo seja explorado em seu potencial de construção
de espaços colaborativos e dialógicos de ensino-aprendizagem. A partir dessas
constatações, colocou-se a necessidade de pesquisar como a criação / adaptação
de jogos analógicos na escola mediada pelo Design pode favorecer a construção
de espaços colaborativos e dialógicos de ensino-aprendizagem. Esta tese parte da
predição de que a criação / adaptação de jogos analógicos na escola mediada pelo
Design pode favorecer a construção de espaços colaborativos e dialógicos de
ensino-aprendizagem a partir dos processos de refletir sobre um tema, metaforizar
relações e concretizar um sistema de regras coerente. Entende-se que isso
demanda o exercício de competências do Design como o pensamento sistêmico e
crítico, a ação reflexiva, o planejamento e a organização do trabalho coletivo,
promovendo um contexto horizontalizado de coautoria e construção
compartilhada de sentidos entre professores e alunos. Para atingir tal objetivo, esta
pesquisa baseou-se em revisão bibliográfica, análise de artigos e de jogos
analógicos; mapeamento de experiências de professores que desenvolveram
atividades de adaptação e/ou criação de jogos analógicos com estudantes; e
mapeamento dos posicionamentos de professores e alunos participantes de
proposta de criação de jogos em uma escola de Ensino Médio Técnico. A pesquisa
permitiu verificar a importância do uso de competências do Design e de seus
métodos como suporte ao trabalho dos professores e a multiplicidade de
estratégias. Constatou-se a necessidade de se assumir uma atitude dialógica
quando da realização dessas experiências.
2020-06-01T00:00:00ZFIES, PROUNI e PROIES (2003/2019): valorização do capital no ensino superiorCosta, Fernanda Cosme dahttps://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/499872021-11-23T19:01:17Z2021-01-01T00:00:00ZFIES, PROUNI e PROIES (2003/2019): valorização do capital no ensino superior
Costa, Fernanda Cosme da
Esta tese é resultado da investigação de formas de valorização dos capitais investidos no ensino superior no Brasil entre 2003 a 2019. A pesquisa foi desenvolvida pela coleta, sistematização e análise de documentos oficiais relativos à oferta de matrículas subsidiadas pelo fundo público no FIES, no PROUNI e no PROIES. Os achados do estudo indicam que aos ganhos com capitais investidos no ensino superior são oriundos de: a) capital fictício; b) isenções tributárias; c) transferências monetárias via sistema bancário; d) socialização do risco da comercialização da mercadoria educação com o fundo público; e) reversão de dívidas tributárias em novas matrículas subsidiadas; f) concessão de crédito garantido com recursos provenientes dos direitos sociais do trabalho (FGTS e multa trabalhista); e g) gestão do crédito estudantil subsidiado pelo fundo público por bancos privados. A sofisticação das formas de ganho de capital, identificamo-lo, efetiva-se mediante profundas transformações na organização do Estado, na (re)partilha do fundo público e, por (in)consequência, das próprias políticas sociais. Buscou-se ainda compreender o impacto dos subsídios do fundo público para a expansão dos capitais investidos no ensino superior, bem como para o financiamento das políticas sociais e suas conexões com a dívida pública. Tem-se por certo que a Emenda Constitucional nº 95/2016 tem potencial de aprofundar a financeirização do ensino superior, pois salvaguarda as despesas financeiras enquanto contingencia o orçamento das universidades e institutos federais, e demais despesas primárias. Ressalte-se que desde 2017 o gasto com o FIES incide sobre o resultado primário, o que faz com que a garantia do crédito educativo pelo fundo público esteja condicionada ao remanejamento das demais despesas primárias do MEC. Confirma-se a tendência de que no capitalismo monopolista a política de ensino superior, bem como o conjunto das políticas sociais assumem lugar destacado para a viabilização de ganhos de capital pela via da sucção privada do fundo público. Por este motivo reafirmamos que a Emenda Constitucional soma-se à Reforma Gerencial do Estado e ao Plano Real na garantia da primazia das despesas financeiras sobre os gastos com as políticas sociais correlatas aos direitos sociais, e portanto, tanto dá continuidade quanto aprofunda o ajuste fiscal permanente.
2021-01-01T00:00:00Z