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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/12822
ATENÇÃO PRIMÁRIA E RELAÇÕES PÚBLICO-PRIVADAS NO SISTEMA DE SAÚDE DO BRASIL
Política de saúde
Serviços de saúde
Parceria público-privada
Política de Saúde
Serviços de Saúde
Parcerias Público-Privadas
Sistemas de Saúde
Castro, Ana Luisa Barros de | Date Issued:
2015
Alternative title
Primary health care and public-private sector relationships in the Brazilian health systemAuthor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
No Brasil, desde os anos 1990, a atenção primária passou a ocupar lugar de destaque na agenda federal, numa perspectiva de reorganização do Sistema Único de Saúde (SUS), com mudança do modelo de atenção, a partir da implantação da Estratégia Saúde da Família (ESF). Este estudo analisou a política e a configuração da atenção primária à saúde
(APS) no Brasil, com ênfase nas relações público-privadas, no período do SUS. Optouse por uma abordagem quanti-qualitativa, a partir de três eixos de análise: Condução nacional da política de APS; Configuração público-privada na prestação de serviços de APS e Configuração público-privada e internações sensíveis à APS. Foram utilizadas diversas estratégias metodológicas: revisão bibliográfica; análise documental; análise de dados secundários e entrevistas semi-estruturadas.
No que concerne ao primeiro eixo, inicialmente analisou-se a política nacional de APS, com foco nos anos 2000. Observou-se elevado grau de continuidade na condução federal da política em relação à década anterior, expressa principalmente na ênfase na Estratégia Saúde da Família. No entanto, houve mudanças incrementais no período, como incentivos à incorporação de novos profissionais na ESF e ajustes no
financiamento. Apesar dos avanços, identificaram-se problemas não equacionados que restringem o fortalecimento da APS, entre os quais o caráter das relações público privadas no sistema de saúde brasileiro. Nesse sentido, ainda neste eixo da investigação, buscou-se identificar em que medida os temas “atenção primária à saúde” e “relações
público-privadas” estiveram presentes nas discussões efetuadas nas instâncias colegiadas nacionais do SUS (Comissão Intergestores Tripartite, Conselho Nacional de Saúde e Conferências Nacionais de Saúde) nos anos 1990 e 2000, a partir de análise documental. Embora as discussões sobre esses dois temas tenham sido frequentes,
registrou-se que os debates ocorreram de forma pouco articulada, com limitada possibilidade de superação de problemas estruturais do sistema de saúde com vistas à consolidação de um novo modelo de atenção, coerente com a concepção do SUS. O segundo eixo da pesquisa compreendeu o mapeamento da composição público-privada da oferta de serviços de atenção primária à saúde no Brasil, a partir dos
dados disponíveis no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), no período de 2008 a 2014. Além disso, foram mapeadas as unidades estatais sob gestão de Organizações Sociais (OS) nos municípios de São Paulo e Rio de Janeiro, a partir dos contratos de gestão celebrados entre as secretarias municipais de saúde e as OS.
Observou-se que, no Brasil, ainda predominam serviços de APS de natureza pública estatal. Porém, constatou-se nos municípios analisados o avanço recente da participação do setor privado na gerência e na prestação de serviços de APS por meio das OS, fenômeno em parte relacionado à expansão da terceirização em vários tipos de serviços
de saúde. Por último, no terceiro eixo da investigação, buscou-se verificar se a configuração público-privada repercutiria nas internações sensíveis à atenção primária (CSAP). Efetuou-se um estudo transversal nos municípios brasileiros com população acima de 50 mil habitantes, por região do país, para o ano de 2012, com intuito de explorar a associação entre variáveis selecionadas e a proporção de internações por CSAP no Brasil. Fatores relacionados às condições socioeconômicas, demográficas, à oferta de serviços e de profissionais médicos estiveram associados à proporção de internações por CSAP, de forma diferenciada entre as regiões do país. Conclui-se que avanços ocorreram no que diz respeito à atenção primária à saúde no Brasil nas últimas duas décadas, embora o enfrentamento de questões relevantes para a consolidação da APS como estruturante do sistema de saúde brasileiro não tenha ocorrido de forma articulada. Faz-se necessário o fortalecimento da regulação pública sobre os diferentes arranjos público-privados e a garantia do caráter universal, público e não mercantil dos serviços de saúde, de forma a favorecer a concretização dos
diferentes atributos da APS, de forma coerente com os princípios e diretrizes do SUS.
Abstract
Since the 1990s, the issue of primary health care has become prominent in the federal agenda in Brazil, with the perspective of reorganizing the Unified Health System (SUS) and changing the model of care, by implementing the Family Health Strategy (ESF). This study analyzed the policy and the setting of primary health care (PHC) in Brazil, emphasizing the public-private sector relationships in the SUS period. Both
quantitative and qualitative approaches were used, from three analyses axes: national PHC policy orientation, public-private setting in the provision of primary care services, and public-private setting and ambulatory care sensitive hospitalizations. Several methodological strategies were used: literature review, document analysis, analysis of
secondary data, and semi-structured interviews. In regards to the first axis, the national policy of PHC was initially analyzed focusing on the 2000s period. There was a high degree of continuity in the orientation of
the PHC policy in relation to the 1990s, expressed specially by the focus on the Family Health Strategy. However, there were incremental changes in the period, such as incentives to the inclusion of new professional at ESF and of adjustments in the financial support of the strategy. Despite the advances, challenges remain for the federal level to overcome problems that restrict the strengthening Brazilian PHC, such as the type of public-private sector relationships in the Brazilian Health System. In this sense, still as part as this first axis, we sought to identify the extent to which the topics “primary health care” and “public-private sector relationships” were present in the discussions at the SUS national collegiate instances (Comissão Intergestores Tripartite, Conselho Nacional de Saúde e Conferência Nacional de Saúde) in the 1990s and 2000s, from document analysis. Although discussions on these two topics were frequent, we found that the discussions were disconnected, restricting the possibility of overcoming structural problems of the Brazilian Health System, with the goal of consolidating a new model of care, coherent with the concept of SUS. In the second axis, we mapped to public-private composition of the provision of primary health care services in Brazil, from the data available on the National Register of Health Facilities (CNES), from 2008 to 2014. In addition, we identified state units under the management of Social Organizations (OS) in the municipalities of São Paulo and Rio de Janeiro, from management contracts between the Municipal Health Secretariat and the OS. In Brazil, the public and state nature of PHC services are still predominant. In the municipalities analyzed, the recent development of private sector participation in the provision of services through the OS draws our attention. This phenomenon is partly related to the expansion of outsourcing in various types of health services. Finally, in the third axis, we sought to determine whether the public-private setting would have repercussions on ambulatory care sensitive hospitalizations (ACSH).
We conducted a cross-sectional study with a focus on Brazilian municipalities with population over 50,000 inhabitants, per region of the country, for the year 2012, aiming to explore the association between selected variables and the proportion of admissions for ACSH in Brazil. Factors related to socioeconomic and demographic conditions, the
supply of services, and medical professionals were associated to the proportion of admissions for ACSH, in different ways among the regions of the country. In conclusion, advances have occurred with regards to primary health care in the Brazilian health system in recent decades, although the approach to issues relevant to the consolidation of this level of attention as the foundation of the Brazilian Health System was not developed in an articulated manner. The strengthening of public regulation of the various public-private sector arrangements is necessary, in order to guarantee the universal, public and nonprofit characteristic of the health services, to favor the implementation of the different attributes of the PHC, according to the SUS principles and guidelines.
Keywords in Portuguese
Atenção primária à saúdePolítica de saúde
Serviços de saúde
Parceria público-privada
DeCS
Atenção Primária à SaúdePolítica de Saúde
Serviços de Saúde
Parcerias Público-Privadas
Sistemas de Saúde
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