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- ENSP - Artigos de Periódicos [2236]
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COMPROMISSO SOCIAL: UMA NOVA ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Buss, Paulo Marchiori | Date Issued:
1990
Author
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Abstract in Portuguese
Assumo, hoje, a Direção da Escola Nacional de Saúde Pública, com uma pluralidade enorme de sentimentos. A alegria e a emoção de assumir a Direção da Casa que me acolheu, há 13 anos, inicialmente como Professor Convidado e, depois, como Professor Assistente, somam-se ao peso do compromisso e da responsabilidade. Assumimos, coletivamente, Jaime, eu e todo o primeiro Conselho Deliberativo criado pelo novo Regimento da ENSP, numa hora extremamente grave da vida brasileira e do Continente Latino-Americano. A profunda crise econômica que atravessamos, com a pobreza infame e inadmissível de nossos povos, repercute, dilacerantemente, na vida das crianças, das mães e dos trabalhadores brasileiros e latino-americanos. Estamos oprimidos por um dos mais injustos processos econômicos que se tem notícia na história da humanidade. O capital internacional, aliado a segmentos do capital nacional, comete um massacre que se aproxima do genocídio, com as regras ferozes que nos impõe, unilateralmente, frente às dívidas acumuladas pelas ditaduras latino-americanas. Os anos de vida subtraídos às crianças, às mães e aos trabalhadores brasileiros e do Continente, condição tantas vezes denunciada pelos profissionais e pesquisadores de saúde pública, só têm comparação com outros poucos holocaustos cometidos contra a humanidade, ao longo da história conhecida do homem. As taxas elevadas de mortalidade infantil e materna; a permanência de números absurdamente altos de doenças endêmicas; os acidentes, as incapacidades e as mortes decorrentes das péssimas condições de trabalho; a deterioração do ambiente e suas repercussões sobre a saúde; os novos problemas como a AIDS e o agravamento da morbo-mortalidade decorrente dos acidentes, violências e outras causas externas tecem, na sua terrível eloqüência, o quadro sanitário com que convivemos. De outro lado, o avanço e a qualidade de vida dos países desenvolvidos, em oposição à nossa miséria e ao volume das nossas necessidades, faz-nos pensar quão primitivas e bárbaras são, ainda, as relações entre os povos e as classes sociais, e quanto deve ainda a humanidade caminhar para experimentar a possibilidade de compartilhar as riquezas naturais e os benefícios que os avanços cientifico e tecnológico podem oferecer ao ser humano.
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