Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/23643
Type
ArticleCopyright
Open access
Collections
- ENSP - Artigos de Periódicos [2293]
Metadata
Show full item record
MÉDICOS INTÉRPRETES DO BRASIL (RESENHA)
Baptista, Tatiana Wargas de Faria | Date Issued:
2017
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Abstract in Portuguese
Há várias formas de se ler um livro. Médicos Intérpretes do Brasil possibilita um brincar com a leitura e diferentes viagens. Uma viagem pelos autores lidos por outros autores, que não só apresentam o médico intérprete, mas também interpretam sua obra, trazendo nuances e questões que parecem fazer mais sentido que o autor sozinho, porque contextualizadas e ressignificadas. Uma viagem pelos autores por eles mesmos, permitindo acessar textos (alguns perdidos nas bibliotecas e poucas vezes lidos) e formas de ler o mundo que hoje nos são estranhas, mas que construíram um sentido para o Brasil e para a saúde no momento em que foram escritos. Uma viagem pela tessitura do livro, pelas escolhas feitas dos intérpretes e dos autores que os comentam, num formato que possibilita refletir sobre o próprio sentido do que é ser um intérprete do Brasil e o que sua obra oferta de ideias. O livro é apresentado como um mosaico de leituras de 29 médicos, que viveram entre os séculos XIX e XXI no Brasil, e assumiram papel de destaque na história brasileira, homens de ideias, mas também “homens de ação”, com participação ativa na construção do projeto nacional. Pelas mãos dos médicos forjou-se uma política de Estado com legitimidade para intervir nos territórios, adentrar espaços privados e alcançar subjetividades. Do final do século XIX à primeira metade do século XX no Brasil, os médicos revelam que o esforço de construção do projeto nacional se apresentou no desenvolvimento de teorias que articulavam majoritariamente dois núcleos de sentido: a doença e a raça. Num mundo marcado pela ótica colonialista imprimem-se padrões e formas de classificação racial e étnica da população, tendo no saber saúde o argumento central para a naturalização de conceitos e práticas. Foi pelo discurso da doença e pela associação com a raça que nosso imaginário de povo e de país foi constituído, e a doença passou a ser apresentada como obstáculo ao progresso e à civilização.
Share