Análise da demanda assistencial ao Núcleo de Atenção à Saúde dos Trabalhadores (NAST) do município do Recife

Abstract

A partir da segunda metade do século XX é que o movimento sindical, em muitos países, fortaleceu a defesa da saúde dos trabalhadores, como por exemplo na Itália na década de 60. No Brasil, isto só vem a ocorrer no final da década de 70, especialmente na região Sudeste. Em Pernambuco a Saúde do Trabalhador tem início na década de 90 por iniciativa do Governo do Estado,que buscou instituir uma estratégia de atenção que não se efetivou plenamente. No ano de 2002, atendendo as resoluções da V Conferência Municipal de Saúde de Recife, capital do Estado, foi implantado o Centro Especializado em Saúde do Trabalhador. Em 2014, o município cria o Núcleo de Atenção à Saúde do Trabalhador voltado para o atendimento integrado da ST. Este novo arcabouço institucional requer ser analisado frente às demandas necessárias e efetivas em ST no município. O principal objetivo deste estudo foi analisar a demanda de atendimento do NAST e as ações desencadeadas por esse serviço. O método foi o estudo de caso com abordagem quali-quantitativa. Foram analisados o perfil produtivo da cidade, para a presunção de demanda, o perfil do atendimento efetivado e as ações consequentes. Mediante cálculo de amostragem, foram analisados 402 prontuários do total de 891 referentes aos anos de 2014 e 2015, período do estudo. Foram realizadas entrevistas com dois profissionais de atendimento e dois que atuam na gestão. Como principais resultados, temos uma predominância de demanda de trabalhadores bancários, embora na cidade tenham outras categorias profissionais de alto risco para adoecimentos e ocorrência de acidentes de trabalho. A LER/DORT foi o agravo com maior número de nexos estabelecidos com o trabalho, gerando 40% de notificações frente aos demais agravos diagnosticados. A demanda é restrita quanto a sua diversidade, ficando praticamente voltada para o estabelecimento do nexo causal aos portadores de LER/DORT e para emissão de pareceres médicos. As ações de vigilância em ST são praticamente inexistentes.