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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/33976
COMUNICAR A MORTE EM UM HOSPITAL DE EMERGÊNCIA: A SIGNIFICAÇÃO DA EXPERIÊNCIA NA PERCEPÇÃO DO MÉDICO
Comunicação
Antropologia medica
Serviço hospitalar de emergência
Médicos
Souza, Gislaine Alves de | Date Issued:
2018
Author
Advisor
Co-advisor
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brasil.
Abstract in Portuguese
A presente pesquisa buscou compreender como os médicos na condição de sujeitos culturais lidam com o processo de comunicar a morte
aos familiares em um hospital de emergência. Os objetivos específicos foram: analisar como os médicos agem, significam, representam e interpretam a comunicação da morte do paciente e analisar as múltiplas significações da morte a partir da atuação clínica. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, embasada na antropologia interpretativa e médica. A coleta dos dados deu-se em um dos maiores hospitais públicos de emergência da América Latina, ao longo de 9 meses de observação participante. Foram entrevistados 43 médicos – 25 homens e 18 mulheres – entre 28 e 69 anos. A análise foi êmica e guiada pelo modelo dos signos, significados e ações. Os resultados demonstram que embora a morte seja um evento frequente pela gravidade dos casos atendidos na emergência as vivências da comunicação da
morte a significam como uma das tarefas mais árduas do seu fazer profissional. Na emergência a ação é predominantemente técnica pautada em um cenário de pressão, cujo tempo, ambiente e atenção são direcionados a medicina curativa. Geralmente, o vínculo com o paciente e a família é inexistente, e a comunicação é complexa. Para lidar com a morte a gerenciam, fazem uso de roteiros, eufemismos, mecanismos defensivos, enfatizam a gravidade clínica e informam progressivamente
para que a morte esteja aguardada pela família e encaixada na rotina da emergência. Os signos e significados estão especialmente correlacionados ao paradigma biomédico: a morte como tabu e fracasso. As ações evidenciam a morte e a interação intersubjetiva como terreno obrigatório de emoções que se dão escondidas no hospital: angustiam, assustam, choram, desculpam, desgastam, escondem, fogem, incomodam e rezam. Evidencia-se a preponderância, mas
também o limite do paradigma biomédico na vivência dos profissionais como sujeitos socioculturais. Percebe-se a incipiência da humanização, da abordagem de qualidade de vida e de morte no contexto estudado. Os elementos apontados podem subsidiar intervenções, planejamento e estão na atenção à saúde, no âmbito da educação, saúde do trabalhador e organização institucional.
Abstract
The objective of this research is to understand the
process of communication of
death in an emergency hospital. The specific objecti
ves were: to analyze how
physicians act, signify, represent and interpret the
patient's death communication and
to analyze the multiple meanings of death to the phy
sicians in the emergency. It is a
qualitative research, based on interpretive and medi
cal anthropology. The data were
collected in one of the largest public hospitals in
Latin America, during 9 months of
participant observation. A total of 43 physicians wer
e interviewed - 25 men and 18
women - between 28 and 69 years old. The model of sign
s, meanings and actions
guided the analysis of data. The results show that de
ath is a frequent event due to
the severity of the patients in the emergency. But, t
he communication of death there
is the most strenuous tasks of his or her professio
n. In emergency hospital the action
is predominantly technical, biological. The time, th
e pressure, the environment and
the attention are directed to curative medicine. Th
e relation with patient and family
are usually non-existent. The communication is fragi
le among professionals, patient
and family. To deal with death, use of scripts, eup
hemisms, defensive mechanisms,
emphasize the clinical severity and progressively in
form so that death is expected by
the family and embedded in the emergency routine. Th
e signs and meanings are
especially correlated to the biomedical paradigm: de
ath as taboo and failure. The
reactions evidence the death as intersubjetctive in
teraction and as compulsory terrain
of emotions expressions. But the emotions cannot be
expressed in the hospital
occurring hidden. The physicians if anguish, scare, c
ry, apologize, weary, hide,
escape, bother and pray. It is perceived the incipi
ence of humanization and of
approach to quality of life and death in the studied
context. It is evident the
preponderance, but also the limit of the biomedical
paradigm in the experience of
professionals as sociocultural subjects. This study
brings elements that can subsidize
interventions, planning and management in health car
e, in the education, worker
health and institutional routine adapted to the Braz
ilian context.
Keywords in Portuguese
MorteComunicação
Antropologia medica
Serviço hospitalar de emergência
Médicos
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