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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/3581
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DissertaçãoDireito Autoral
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A HORA INSTÁVEL ENTRE MÃE E MULHER: UM ESTUDO COM RESIDENTES EM OBSTETRÍCIA/GINECOLOGIA DO IFF/FIOCRUZ
Gilbert, Ana Cristina Bohrer | Data do documento:
2005
Autor(es)
Orientador
Afiliação
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Fernandes Figueira. Departamento de Ensino. Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher. Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Resumo
A base dos conhecimentos e práticas da medicina, e da ciência em geral, está estreitamente vinculada à cultura, da mesma forma que a história que a paciente constrói sobre sua doença, os significados a ela atribuídos, ao seu corpo e ao seu sofrimento.Ao se escolher como objeto de estudo desta pesquisa os discursos médicos dos residentes em obstetrícia/Ginecologia do Instituto Fernandes Figueira sobre mulheres doentes, buscou-se, por um lado, explicitar os significados culturais que estão presentes nesse discurso sobre o ser mulher e seu processo de saúde-doença, e o uso de linguagem figurada para exprimir a prática de assistência à mulher; e por outro, reconstruir os caminhos de escolha da especialidade e entender como os residentes percebem o processo de "corporificação" da doença num corpo de mulher - a articulação entre o geral e o singular- nesse momento de transição, onde convivem duas dimensões: a do ensino e a da assistência. A pesquisa foi realizada sob a forma de um estudo de caso institucional e constou de duas etapas: observação-participante das reuniões de obstetrícia (Clube do Feto) e de Ginecologia (Confirmação de Indicação Cirúrgica - CIC); e aplicação do método para construção de fontes orais (Cardoso, 1989) com os residentes em Obstetrícia/Ginecologia ao final do segundo ano da Residência Médica.A interpretação do material foi feita de acordo com o modelo indiciário proposto por Ginzburg (2001a), que prioriza as sutilezas, os indícios, os detalhes, enfim, o material implícito na leitura das falas dos depoentes. O procedimento técnico-metodológico utilizado nessa leitura incluiu uma codificação qualitativa analítica das entrevistas e posterior análise semiótica.Os resultados apontam para : a) a percepção da mulher como essencialmente mãe, cujo processo de adoecimento é focado prioritariamente em sua função reprodutiva, sendo a doenças vista como lesão e desvio de um padrão de normalidade; b) o crescente aumento de tecnologia, sobretudo no uso de exames por imagem, que provoca um distanciamento do eixo semiológico, como percurso indiciário de interpretação de sinais e sintomas; c) a necessidade de especialização crescente como estratégia de mercado e segurança e d) a medicalização, inserida no contexto cyborg, como envolvendo práticas materiais-semióticas de produção de significados.
Resumo em Inglês
The basis for practice and knowledge construction in medicine, and science in general, are closely linked to culture, in the same way as the patient's construction of the story and meanings of her illness, her body and her suffering. When choosing, as the object of this research, obstetric/Gynecology medical residents discourses about sick women at the Instituto Fernandes Figueira, the idea was, from one perspective, to explicit the cultural meanings related to being women and their process of health-illness, present in such discourses, and the use of non-literal language
to express the practice of assisting women; and, from another perspective, to understand why the residents chose this medical specialty and how they perceive the embodiment of the disease in a woman's body – from general to singular – during their transition period, from student to physician.
This was an institutional case study research comprising two different steps: participant-observation in Obstetric (Clube do Feto) and Gynecology (Confirmação de Indicação Cirúrgica – CIC) meetings; and the use of oral fonts construction method (Cardoso, 1989) with Obstetric/Gynecology residents at the end of their second year as Medical Residents. Sign-based analysis, as proposed by Ginzburg (2001a), that prioritizes vestiges,
details, subtleties, i.e., what lies implicit in the interviews, was used to analyze the data collected. The technical-methodological procedure used includes a qualitative analytical codification of the interviews and a subsequent semiotic analysis. Results of this research point to: a) women are seen, essentially, as mothers, and their disease is seen as a lesion and deviation from a normality pattern focused, primarily, in their reproductive function; b) technology evolution, mainly in the growing use of image-based testing, is contributing to reduce the importance of semiology, as a means to interpret signs and symptoms; c) the growing need for specialization as a
market and security strategy; and d) the medicalisation, inserted in the cyborg context, as a process of material-semiotic practices of meanings construction.
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