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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/3673
MÉDICOS E ADOLESCENTES: UMA QUESTÄO DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Moraes, Carlos Augusto Pinheiro de | Date Issued:
1990
Advisor
Co-advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Fernandes Figueira. Departamento de Ensino. Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança. Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Abstract in Portuguese
Alguns aspectos apontados na relaçäo médicos e adolescentes säo abordados neste trabalho, mesmo näo sendo objeto de estudo, na tentativa de se abrir espaço para posteriores estudos. Temas como a sexualidade, violência, e aspectos tais como: o argumento demográfico da importância da atençäo aos jovens, a urbanizaçäo, a participaçäo dos jovens, a preocupaçäo com a relaçäo médico-paciente, a questäo do trabalho, educaçäo, aspectos sociais envolvidos e outros säo questionados. Tomando como base os dados disponíveis no material bibliografico e nas entrevistas, para analisar a relaçäo médicos e adolescentes, mais precisamente a medicina de adolescentes; concluo que nao podemos falar de uma medicina especializada para adolescentes, já que este objeto de estudo apresenta caracteristicas dinâmicas e multifacetadas, e que demandam um tipo de análise para a qual a medicina näo tem instrumental. A medicina moderna têm se caracterizado pelo estudo da doença, bem como suas especialidades; sob este ponto de vista a adolescência apresenta um tipo de problema diverso do que a medicina prioriza. Por outro lado se faz necessário ressaltar a importância do enfoque multiprofissional levantado pelos profissionais que lidam com adolescentes, pois mais do que nunca e preciso criar formas de lidarmos com a saúde, em toda sua abrangência e desdobramentos, nao restringindo nossa atençäo a um fragmento desconexo, mas ao todo da existência humana. Embora médicos e adolescentes sejam bastante antigos, nao e senäo a partir deste século que esta relaçäo terá início. Para que se compreenda melhor esta relaçäo e preciso fazer uso de publicaçoes, artigos, documentos e entrevistas com médicos de adolescentes, na tentativa de se perceber a dinamica desta relaçäo, suas motivaçoes, objetivos e dentro de uma historicidade própria. A partir do século XIX será cada vez mais frequente a idéia de uma adolêscencia na vida do ser humano, e esta será marcada por uma série de características próprias. Educadores, moralistas, psicólogos e posteriormente a sociedade como um todo voltará sua atençäo para o estudo cada vez mais intenso desta particular fase da vida. Vários conceitos tentaräo definir o que venha a ser a adolescência; sendo caracterizada de modo uniforme na nossa sociedade contemporânea, como um período de transiçäo entre a infância e a maturidade, e marcada por transformacoes psíquicas, biologicas e sociais. Neste universo de profissionais que lidam com a adolescência, a medicina surgira de modo cada vez mais intenso a partir da década de 40. Inicialmente voltada para aspectos de higiene física e mental e com um forte conteúdo educacional, em que certos aspectos do crescimento e desenvolvimento, psicológicos, sexuais, de correçäo de defeitos posturais, auditivos e visuais seräo colocados. Este período sera caracterizado também por uma fase de preocupaçäo com aspectos educacionais mais gerais, bem como a questäo da aptidäo física nas escolas, principalmente por ser este um período de guerra. Desde entäo a medicina tenta definir o seu objeto de estudo, voltando-se cada vez mais para aspectos de orientaçäo, educaçäo e prevençäo de certos problemas colocados pela sociedade com relaçäo a adolescência. Estabelece-se um perfil de morbimortalidade em que as questoes relativas a violência säo apontadas e estabelecendo também um perfil de vulnerabilidade bio-psico-social que seriam próprias a estes jovens. O tema "sexualidade" passa a ser colocado como de "risco", em que a gravidez, as DST e problemas sociais säo abordados. Aspectos ligados a relaçäo médico-paciente seräo estudados de forma acentuada e tentando dar conta de particularidades dos adolescentes no que se refere ao atendimento, a abordagem e outros tópicos. Os aspectos psicossociais e psicossomáticos passam a ter uma maior dimensäo com relaçäo aos problemas apresentados pelos jovens, em que os fatores biológicos ligados a doença e mesmo a gravidez passam a ser menos relevantes, já que nao se consegue identificar uma grande especifidade com relaçäo a doença, e por estas responderem por uma pequena parte dos problemas.
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