Educação em saúde na atenção primária à saúde no Brasil: um olhar sobre os conteúdos divulgados nas revistas científicas de saúde coletiva de 1990 a 2015

Abstract

O interesse por este tema surgiu durante a experiência da autora como residente em uma unidade de Saúde da Família, onde grupos educativos foram desenvolvidos através de metodologia participativa. A partir disto, veio a necessidade de maior aproximação com os trabalhos científicos divulgados sobre o tema para compreender e analisar a educação em saúde na Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil. Conhecer a produção científica divulgada sobre educação em saúde na Atenção Primária à Saúde no Brasil, no período de 1990 a setembro de 2015 e compreender o conteúdo dos artigos com relação à definição de educação em saúde. Foi realizada uma revisão bibliográfica sobre educação em saúde na APS no Brasil, no período de 1990 a setembro de 2015. A busca foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde através dos seguintes descritores: “atenção primária à saúde", “estratégia saúde da família” e “educação em saúde”. O foco desta pesquisa foram estudos sobre as práticas de educação em saúde direcionadas à comunidade. Foram selecionados 88 trabalhos publicados em revistas de diversas áreas. Deste total, os 30 artigos publicados em revistas da área de saúde coletiva foram submetidos a uma análise temática de seu conteúdo, para compreender a produção intelectual sobre o tema na referida área de conhecimento. Dos 30 trabalhos publicados em revistas de saúde coletiva, 5 (17%) não definem educação em saúde. Nos 25 artigos (83%) que definem educação em saúde, é possível perceber que há uma crítica à visão tradicional de educação e ao modelo assistencial biomédico. Observou-se que em 18 artigos (60%) existem apontamentos da visão crítica da construção de conhecimentos nas práticas dos serviços. Onze (37%) artigos apresentaram em seus resultados a predominância da visão tradicional de educação nas práticas analisadas. Alguns trabalhos (17%) mostraram que nas práticas dos serviços de saúde há uma coexistência da visão tradicional e crítica da construção do conhecimento. Observou-se que 17% dos artigos não definem o termo “educação em saúde” e apontam para um conceito que carrega em si uma visão tradicional sobre a construção do conhecimento. Embora alguns trabalhos apresentem a importância do diálogo, os profissionais ainda não conseguem implementá-lo em suas práticas. Mesmo quando há uma tentativa de abordar a visão crítica de educação, elementos do modelo tradicional ainda estão presentes no discurso.