Percepção dos cuidadores informais sobre as necessidades dos pacientes com câncer avançado

Abstract

O envelhecimento populacional e elevação da incidência das doenças crônico-degenerativas são fenômeno presente no Brasil, tendo como consequência o aumento da carga de doenças, da incapacidade funcional e da utilização do sistema de saúde, exigindo reformulações na gestão do cuidado e da rede para uma assistência que atenda às necessidades desse perfil, com priorização nas políticas públicas. Descrever a percepção dos cuidadores informais sobre as necessidades dos pacientes com câncer avançado e familiares, para refletir a emergência da construção da Rede Intersetorial em Cuidados Paliativos para cuidar integral, digno do processo de morrer. A pesquisa se insere na Abordagem Qualitativa e utilizou a técnica de entrevista semi estruturada. Foram entrevistados 14 cuidadores informais das pessoas com diagnóstico de câncer em estágio avançado com potencial de finitude. Compreende-se cuidadores informais, adultos que possuem vínculos de família com o paciente. A pesquisa ocorreu numa unidade de Alta Complexidade do interior de Minas Gerais. As entrevistas contemplaram as dimensões: Percepção dos sintomas do paciente e avaliação da assistência; Acesso a opioides, demais medicamentos; Acesso à Rede Intersetorial e ao Sistema de Saúde; Custos Financeiros; Saúde do Cuidador; Comunicação com equipe; Conhecimento de Cuidados Paliativos. Segundo os participantes a dor foi o sintoma prevalente nos pacientes, seguido de ansiedade e depressão. 100% dos participantes relatam dificuldades de acesso aos opioides no SUS, acarretando a compra pelos familiares impactando a renda familiar. Quanto ao atendimento pela Seguridade Social referem demora nos tramites da previdência social (INSS) e ausência de suporte da baixa complexidade da Assistência Social (CRAS). No Sistema de Saúde os relatos configuram assistências isoladas intra e interinstitucionais, comunicação ineficaz entre os três níveis do sistema, resultando na fragmentação do cuidado. Conhecimento sobre Cuidados Paliativos, 93% dos participantes desconhecem. A pesquisa evidencia na percepção dos familiares, que a assistência recebida se configura de forma fragmentada no sistema de saúde e com baixa resolutividade dos serviços sociais. Ressalta-se a insatisfatória integração do cuidado, prejudicando o atendimento das necessidades peculiares para um cuidar digno das pessoas com doença crônica que ameaça a continuidade da vida, conforme preconiza a OMS.