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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/42207
SAÚDE E AFETIVIDADE NA INFÂNCIA: O QUE AS CRIANÇAS REVELAM E A SUA IMPORTÂNCIA NA ESCOLA
Schall, Virgínia Torres | Date Issued:
1996
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Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Centro de Pesquisas René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brasil.
Abstract in Portuguese
Diversas análises sócio-históricas da educação têm, reiteradamente, demonstrado a desconsideração da afetividade na infância, sobretudo no âmbito das escolas. Neste estudo, objetivou-se investigar a influência de aspectos afetivos na constituição dos conceitos de saúde, doença e meio ambiente pelas crianças, tendo em vista a sua importância para o desenvolvimento de atitudes e comportamentos de promoção da saúde e da qualidade de vida, prevenção a doenças e preservação da natureza. Através de uma abordagem qualitativa (estudo de caso), foram entrevistadas 32 crianças do primeiro segmento do primeiro grau (16 de escola pública e 16 de particular), sendo suas narrativas analisadas sob uma perspectiva histórico-social, fundamentada em Vygotsky e acrescida de considerações de Piaget e da psicanálise.
Os resultados permitiram evidenciar a influência da afetividade na constituição das ideias, valores e ações relativas à saúde, doença e ambiente pelas crianças, verificando-se algumas tendências gerais que apontam diferenças quanto ao gênero, série escolar, ambiente familiar e situação socioeconômica, Considerando a formação do conceito de saúde, verificou-se gradativa generalização de ideias à medida que as séries escolares avançam, sugerindo uma crescente racionalidade que se sobrepõe à subjetividade dos alunos, requerendo questionamentos pedagógicos. Aspectos relativos à identidade e gênero foram revelados nas entrevistas, como maior expressão de afetos pelas meninas, denotando uma atitude autocrítica, passividade e sentimentos de rejeição no relacionamento com as colegas; já os meninos associaram saúde à aparência física, revelando melhor autoconceito e frequentes conflitos com seus pares, resolvidos através de agressão verbal e física. A influência do ambiente transparece nos relatos que atestam a violência da cidade e nos valores associados ao consumo. É maior o nível de conhecimento sobre doenças e atitudes de prevenção nas crianças da escola particular, embora algumas relatem distúrbios alimentares e problemas psicossomáticos não registrados nas narrativas dos alunos da escola pública. Algumas crianças revelaram problemas de conduta e tendência ao isolamento.
A partir destas evidências e considerando a predominância dos aspectos cognitivos na prática escolar, sugerem-se estratégias de trabalho que promovam uma articulação entre a fantasia e a imaginação com a situação cotidiana dos alunos, propiciando a integração dos aspectos afetivos, revalorizados por um professor melhor preparado e atento para o relacionamento em sala de aula. Enfatiza-se o recurso da literatura infantil enquanto mobilizadora de afetos e reflexões que podem contribuir, na escola, para a consideração de processos que favoreçam o desenvolvimento da autoestima da criança, da responsabilidade para com o próprio corpo, com a saúde, bem como para com os demais e com o ambiente, Estas devem ser metas fundamentais da educação em saúde em uma escola comprometida com a constituição da identidade e da cidadania de seus alunos.
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