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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/43544
A VISÃO DOS IDOSOS EM PROCESSO DE FRAGILIZAÇÃO SOBRE SAÚDE, ENVELHECIMENTO E CUIDADO
Souza, Keilisson Aparecido | Date Issued:
2019
Author
Advisor
Co-advisor
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Rene Rachou. Belo Horizonte, MG, Brasil.
Abstract in Portuguese
Objetivo: Compreender, a partir da visão antropológica, a percepção da pessoa idosa em processo de fragilização sobre saúde, envelhecimento e cuidado. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, apoiada na antropologia interpretativa e antropologia médica. A população estudada foi selecionada no banco de dados da rede FIBRA (Rede de Estudo sobre Fragilidade em Idosos Brasileiros), polo Belo Horizonte - MG, entre os idosos classificados, em 2009, como não-frágeis, préfrágeis e frágeis. A coleta de dados ocorreu em dois períodos: de janeiro a agosto de 2016 e de janeiro a junho de 2018. Foram entrevistados 22 idosos (oito homens e 14 mulheres) com idade entre 69 e 93 anos. Alguns dos participantes eram idosos frágeis ou em processo de fragilização que também exerciam a função de cuidadores de seus cônjuges. Utilizou-se o modelo de signos, significados e ações na coleta e análise de dados. A perspectiva êmica foi empregada na análise. Resultados e discussão: Emergiram da análise as categorias: Saúde: bem-estar e potência; A fragilidade reveladora de limites da saúde e de demandas de cuidado; A velhice ligada a perdas/incapacidades; A velhice além da idade cronológica e O envelhecimento traduzido em cuidado: autocuidado; insuficiência ou excesso do cuidado familiar; a fé inabalável em Deus e o despreparo dos profissionais de saúde. Conclusões: Os achados demonstram que a percepção sobre saúde foi remetida a sentidos diferenciados que ultrapassam a ausência de doença, perdas e fragilidades. As narrativas mostram uma visão mais ampliada do conceito de saúde – ponto de intersecção de aspectos biopsicossociais. Revela autonomia e potencialidades e não apenas sob a perspectiva polarizada limitante de ausênciapresença de doenças. A fragilidade é percebida como um mal-estar vivenciado com uma carga negativa e limitante. Há uma tentativa de determinados idosos se afastarem da difundida concepção de envelhecimento apenas ligada a perdas, incapacidades e doenças. Entretanto, o conceito negativo sobre essa fase da vida prevalece nas narrativas. Os entrevistados reconhecem o processo de fragilização que lhes revela os limites da saúde e as demandas de cuidado como decorrente do próprio envelhecimento. Contudo, o cuidado é percebido para além das práticas restritas ao corpo físico; engloba aspectos psicológicos e sociais; sendo a família a provedora de maior suporte. Alguns participantes compreendem como inadequado e incompleto o cuidado prestado por alguns profissionais de saúde, sublinhando os médicos. Percebeu-se uma insuficiência de recursos financeiros e materiais e a omissão do Estado na oferta de políticas de cuidado para pessoas idosas em processo de fragilização. A ampla visão sobre saúde e cuidado concebida exige olhares também ampliados por parte de quem cuida. Assim, as pessoas idosas terão sua dignidade preservada, para ajudar a enfrentar o envelhecimento e a fragilidade que pesam sobre elas.
Abstract
Aim: To understand, from the anthropological view, the perception of the elderly person in a process of becoming frail about health, aging and care. Method: This is a qualitative research, supported by interpretative and medical anthropology. The studied population was selected from the database of FIBRA (Study Network on Fragility in Elderly Brazilians), in Belo Horizonte - MG, among the classified elderly, in 2009, as non-frail, pre-frail and frail. Data collection took place in two periods: from January to August 2016 and from January to June 2018. 22 elderly people (eight men and 14 women) aged between 69 and 93 years were interviewed. Some of the participants were frail elderly or in a process of becoming frail who also acted as caregivers for their spouses. The model of signs, meanings and actions was used to collect and analyze data. The emic perspective was employed in the analysis. Results and discussion: The following categories emerged from the analysis: Health: well-being and power, the fragility that reveals health limits and care demands; Old age linked to losses / disabilities; Old age beyond chronological age and Aging translated into care: self-care; insufficient or excessive family care; the unwavering faith in God and the unpreparedness of health professionals. Conclusions: The findings demonstrate that the perception of health was referred to different meanings that overcome the absence of disease, losses and frailness. The narratives show a broader view of the concept of health - the point of intersection of biopsychosocial aspects. Reveals autonomy and potentialities and not only from a polarizing limiting perspective of absence-presence of diseases. Frailness is perceived as a malaise experienced with a negative and limiting burden. There is an attempt by certain elderly people to move away from the widespread conception of aging only linked to losses, disabilities and diseases. However, the negative concept about this stage of life prevails in the narratives. Respondents recognize the frailness process that reveals their health limits and care demands as a result of aging itself. However, care is perceived in addition to practices restricted to the physical body; it encompasses psychological and social aspects; being the family the most supportive provider. Some participants consider the care provided by some health professionals to be inadequate and incomplete, stressing the doctors. It was perceived an insufficiency of financial and material resources and the State's failure to offer care policies for elderly people in process of becoming frail. The broad view on health and care requires looks that are also broadened on the part of those who take care. Thus, the elderly will have their dignity preserved to help facing the aging and frailness that weigh on them.
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