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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/50439
A INVENÇÃO DA PRIMEIRA INFÂNCIA E A CONSTITUIÇÃO CONTEMPORÂNEA DAS PRÁTICAS DE GOVERNAMENTALIDADE
Governamentalidade
Biopolítica
Educação Infantil
Vulnerabilidade
Silva, Lenir | Date Issued:
2016
Alternative title
The invention of early childhood and the contemporary constitution of governmentality practicesAuthor
Co-advisor
Affilliation
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Educação. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
Em que momento histórico, períodos de vida distintos e suas denominações – bebê,
pré-escolar, infante, criança pequena – foram homogeneizados em uma única alcunha? Como
a primeira infância (PI) foi inventada? Essa tese advém da experiência médica e tem o
propósito de estudar as práticas e dispositivos que, a partir do conceito de PI, estabelecem
parâmetros de constituição contemporânea da governamentalidade biopolítica. A investigação
parte de um duplo incômodo: a percepção da idealização da noção de “primeira infância” e a
verificação dos seus usos atuais, na condição de paradigma. Pela via dos que se referem à
história na perspectiva do acontecimento, realizo o mapeamento e a análise genealógica de
documentos que demonstram a relação entre a concepção de PI e as práticas de governo. Sob
o manto de inspiração tanto das diversas vozes que ecoam do texto quanto de uma estética
possível, o trabalho é escrito como uma peça teatral. Assim, delineio cinco Atos
problematizadores de certos cenários que atravessam a instituição das existências das
crianças: biopolítico, fantasmagórico, bélico, múltiplo e de uma ilusão de futuro. Utilizo-me
de dois analisadores: a própria experiência e o processo de elaboração das bases da política
pública para a PI no Brasil. Dessa forma, coloco em evidência os seguintes elementos: a
complexidade dos exercícios relacionais e os alicerces dos regimes de saber sobre a vida, que
se conectam tanto com as estratégias de poder quanto com os sistemas de subjetivação. Nesse
caminho, constato: a primazia biológica do cérebro implicada na imposição das práticas
eficientes de aperfeiçoamento individual; a edificação das prioridades de intervenções das
relações de poder, instigada pelo grau de penúria singular e coletiva, ou pela vulnerabilidade
que expõe aos riscos do não desenvolvimento, a criança, a sociedade e o Estado; a
consecutiva utilização das instituições de educação infantil como dispositivos de segurança do
desenvolvimento e da manutenção dos aparelhos produtivos; o número crescente de seres
humanos constituídos incapazes de alcançar o padrão de normalidade definido pelas
necessidades de manutenção do estilo de vida liberal, condenados a representar o papel do
excedente social desde cedo. Tais fatos advêm de uma conjuntura de expectativas que
produzem a imagem da PI como símbolo do espaço de ingerências: social, biológico,
econômico e político – concepção que tenta garantir um futuro mais que perfeito para o nosso
modo de viver. Longe de objetivar soluções para todas as perguntas advindas dos anos de
pesquisa, a argumentação abre as portas para um novo questionamento: será que não estamos
fazendo da primeira infância o cenário de uma ilusão de futuro?
Abstract
In what historical moment, different periods of life and their names - baby, preschool,
infant, and toddler - were homogenized in a single nickname? How was the early childhood
(EC) invented? This thesis comes from medical experience and has the purpose of studying
the practices and devices that establish the contemporary constitution of the biopolitics
governmentality parameters, from the concept of EC. The research comes from a double
annoyance: the perception of the idealization of the "early childhood" conception and the
verification of their current uses as a paradigm. From the people who refer to the History in
the event perspective, I accomplish the mapping and the genealogical analysis of documents
that show the relationship between the notion of EC and governing practices. Under the
inspiration of both the countless voices that echo from the text and the possible aesthetic, the
work is written as a theatre play. Thereby, I outline five problematizing Acts of certain
scenarios that pervade the establishment of children existences: biopolitics, phantasmagoric,
warlike, multiple and of an illusion of future. I use two analyzers: the own experience and the
foundation process of the public policy for the EC in Brazil. Thus, I spotlight as follows: the
complexity of relational exercises and the foundations of the life knowledge regimes that are
connected with the strategies of the power relations and with the subjectivity systems. In this
way, I ascertain: the brain biological primacy implicated in the imposition of effective
practices for individual improvement; the construction of power intervention priorities
instigated by the extent of individual and collective misery, or by the vulnerability that
exposes the child, the society and the State to the non-development risks; the consecutive use
of educational institutions as safety strategies for the development and the maintenance of the
production devices; the increasing number of human beings constituted unable to reach the
normal range defined by the maintenance requirements of the liberal lifestyle, condemned to
play the role of the social surplus at a very early age. These facts come from the expectations
situation that produces the EC image as a symbol of interventions space: social, biological,
economic and political – conception that seeks to ensure a future more than perfect for our
way of life. Far from objectify solutions to all questions arising from years of research, the
argumentation opens the door to a new question: are we not making early childhood the
scenario of a future illusion?
Keywords in Portuguese
Primeira InfânciaGovernamentalidade
Biopolítica
Educação Infantil
Vulnerabilidade
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