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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/55504
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ThesisCopyright
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Sustainable Development Goals
09 Indústria, inovação e infraestrutura16 Paz, Justiça e Instituições Eficazes
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- IFF - Teses de Doutorado [187]
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VIOLÊNCIA DIGITAL NAS RELAÇÕES AFETIVO-SEXUAIS ADOLESCENTES
Internet
Mídias Digitais
Aplicativos Móveis
Adolescentes
Flach, Roberta Matassoli Duran | Date Issued:
2019
Advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
A partir dos anos 2000, a internet e suas inovações tecnológicas digitais ampliaram ainda mais as possibilidades de conexão e hiperconexão, propiciando a ruptura de barreiras geográficas e mesmo presenciais. Conhecida como segunda geração da World Wide Web, a Web 2.0, tornou o ambiente online mais dinâmico, afetando mundialmente a maneira como se dão as relações íntimas e interpessoais cotidianas. Com o advento das redes sociais a cultura digital incita seus partícipes à hipervisibilidade e espetacularização das intimidades, publicizando nos meios digitais questões de foro íntimo, especialmente os relativos à sexualidade e corporalidade, resultado do embaralhamento entre as fronteiras do público e do privado. Por meio destas novas mídias digitais nos tornamos, ao mesmo tempo, controladores e controlados, e as próprias relações de intimidade se tornam mais líquidas. As relações íntimas se dão por conveniência, por impulso e devem ser consumidas instantaneamente, de uma única vez e forma descartável. A ordem do dia é satisfazer os desejos de súbito, experimentar, sem preconceitos. Nesse cenário, onde as relações se tornaram mais fluidas, frágeis e com redução de vínculos duradouros, os adolescentes são também convocados a reatualizar os sentidos de suas práticas amorosas. Dentro deste contexto relacional mais íntimo, marcado pelas disputas entre os distintos modelos de amor, há tensões constantes que visam estabelecer limites, sejam estes (in)formalmente demarcados, numa espécie de “contrato amoroso”, que estabelece o que é ou não permitido, aceito, negociado ou perdoado, delimitando as fronteiras do que passa a ser visto como “abusivo”. Os abusos digitais no contexto dos relacionamentos afetivo-sexuais são definidos internacionalmente como “cyber dating abuse (CDA)” e pode ser caracterizado como uma nova expressão da violência entre parceiros íntimos (VPI). Os tipos de abuso digitais mais comuns são: 1. Agressão direta; 2. Controle/ Monitoramento, 3. Sexting como pornografia de vingança e 4. Sextorsão. Na agressão direta são realizadas ameaças, insultos, disseminação de informações privadas, incluindo fotos e vídeos pessoais, roubo de identidade por meio da criação de perfis falsos em rede social, rastreamento da última conexão, uso de senha pessoal do(a) (ex)parceiro(a) sem o consentimento para verificar e-mail, contatos telefônicos, mensagens de texto e de rede social ou até mesmo para monitorar a localização via GPS, com a intenção de o (a) humilhar e embaraçar. O controle/monitoramento é feito via aplicativos gratuitamente disponibilizados nos sistemas Android e iPhone, que possibilitam o controle remoto do aparelho de outra pessoa, sem o conhecimento e consentimento da mesma, incluindo o uso de “cercas eletrônicas”, controle de localização, escuta de ligações telefônicas, acesso a mensagens de texto, às redes sociais, e-mail, à galeria de imagens e vídeos, clonagem do whats app, somente para citar algumas. O sexting usado como pornografia de vingança é a ameaça em divulgar nudes e vídeos íntimos feitos e trocados voluntariamente durante a vigência do relacionamento íntimo, obrigando uma pessoa a fazer algo que ela não quer. A sextorsão se refere a ameaça de expor fotos e vídeos íntimos de alguém, caso essa pessoa não aceite pagar um valor exigido (extorsão). Dentre as consequências à saúde estão: danos à identidade, autoestima, integridade e privacidade, deixando marcas psíquicas (ansiedade, depressão, distúrbio do sono, ideação e tentativa de suicídio) cujas extensões ainda são pouco conhecidas. Tais conseqüências nos alertam para a importância do olhar diferenciado dos profissionais de saúde à abordagem desses temas junto aos adolescentes e à sua pronta identificação nos serviços de saúde, em face à vulnerabilidade dos adolescentes em sofrer e praticar tais formas de abuso.
Abstract
Since the 2000s, the Internet and its digital technological innovations have further expanded the possibilities of connection and hyperconnection, leading to the breakdown of geographical and even face-to-face barriers. Known as the second generation of the World Wide Web, Web 2.0 has made the online environment more dynamic, affecting worldwide the way everyday intimate and interpersonal relationships happen. With the advent of social networks, digital culture encourages its participants to hypervisibility and spectacle of intimacy, advertising in digital media issues of intimacy, especially those related to sexuality and corporality, a result of the blurring between the borders of the public and the private. Through these new digital media we become, at the same time, controllers and controlled, and the intimacy relations themselves become more liquid. Intimate relationships are given for convenience, for impulse and should be consumed instantly, in one go and disposable form. The order of the day is to satisfy the desires of sudden, experiment, without bias. In this scenario, where relationships have become more fluid, fragile and with reduction of lasting bonds, adolescents are also called to re-actualize the meanings of their love practices. Within this more intimate relational context, marked by the disputes between the different models of love, there are constant tensions that aim to establish limits, whether these are (in)formally demarcated, in a kind of "love contract," which establishes what is or is not allowed, accepted, negotiated or pardoned, delimiting the borders of what is now seen as "abusive." Digital abuses in the context of affective-sexual relationships are internationally defined as "cyber dating abuse (CDA)" and can be characterized as a new expression of intimate partner violence (IPV). The most common types of digital abuse are: 1. Direct aggression; 2. Control / Monitoring, 3. Sexting as revenge pornography and 4. Sextortion. In direct aggression are performed threats, insults, dissemination of private information, including personal photos and videos, identity theft through the creation of false profiles in social network, tracking of the last connection, use of personal password of (ex) partner without the consent to check e-mail, telephone contacts, text messages and social networking or even to monitor the location via GPS, with the intention of humiliating and embarrassing. Control / monitoring is done via free applications available on Android and iPhone systems, which allow the remote control of someone else's device without the knowledge and consent of the same, including the use of "electronic fences", location control, phone calls, access to text messages, social networks, email, image and video gallery, cloning of whatsapp, just to name a few. The sexting used as revenge pornography is the threat in disclosing nudes and intimate videos made and exchanged voluntarily during the validity of the intimate relationship, forcing a person to do something she does not want. Sextortion refers to the threat of exposing intimate photos and videos of someone if that person does not agree to pay a required amount (extortion). Among the consequences to health are: damage to identity, self-esteem, integrity and privacy, leaving psychic marks (anxiety, depression, sleep disorder, suicidal ideation and attempt) whose extensions are still little known.These consequences alert us to the importance of a differentiated view of health professionals to address these issues with adolescents and their prompt identification in health services, given the vulnerability of adolescents to suffer and practice such forms of abuse.
Keywords in Portuguese
Violência por Parceiro ÍntimoInternet
Mídias Digitais
Aplicativos Móveis
Adolescentes
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