Avaliação da aplicabilidade da linhagem celular HEK293T em ensaio de potência da vacina tetravalente contra a dengue como alternativa à linhagem celular VERO

Abstract

A dengue é uma arbovirose de grande importância para a saúde pública global, afetando mais de 100 países e deixando sob risco mais de 40% da população mundial. No Brasil, até a semana epidemiológica 36 foram quase um milhão de casos, com 484 óbitos e a circulação dos quatro sorotipos da doença. Nesse contexto, a busca por uma vacina tetravalente, para os quatro sorotipos da doença, eficaz contra o vírus da dengue (DENV) tornou-se prioridade global em saúde. Diversas vacinas estão em desenvolvimento no mundo, contudo a Dengvaxia®, produzida pelo laboratório Sanofi-Pasteur (França), é a primeira vacina tetravalente a possuir registro no Brasil, e em mais outros 20 países no mundo. Em seus estudos clínicos de fase I, II e III e pós-registro, a vacina mostrou eficácia contra os quatro sorotipos virais, contudo foi observada uma imunodominância do sorotipo 4 vacinal sobre os demais. No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), cabe ao Instituto Nacional de Controle da Qualidade em Saúde (INCQS) garantir a qualidade e a liberação de cada lote de vacina consumido no país, avaliando critérios de qualidade como potência, identidade, termoestabilidade, e outros. A determinação da potência da Dengvaxia® baseia-se em ensaio de dose infectante de 50% de cultura de células (CCID50%) a partir de células VERO. Contudo, conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a potência de vacinas tetravalente contra a dengue pode ser determinada em células VERO ou outra sensível ao vírus vacinal. Diante disso, o presente trabalho busca avaliar a aplicabilidade da linhagem celular HEK293T, que possui sensibilidade ao vírus da dengue, no ensaio de potência da vacina tetravalente da dengue (Dengvaxia®), como uma alternativa metodológica às células VERO. Os resultados do trabalho demonstraram que a linhagem HEK293T é menos sensível ao vírus vacinal que as células VERO, porém foi possível definir tanto a potência da vacina quanto a identidade do vírus. Além disso, foi possível observar uma diferença significativa entre a potência dos sorotipos vacinais, com uma dominância do sorotipo 4, o que não fora observado em células VERO. Dessa forma, a linhagem mostrou-se como uma boa candidata para ensaios de potencia vacinal de vacina tetravalente da dengue