Avaliação da transmissão da filariose linfática, por xenomonitoramento molecular, em uma área de Recife, após o tratamento coletivo

Abstract

No Brasil, a filariose linfática (FL) é causada, exclusivamente, pelo verme filarial Wuchereria bancrofti, que é veiculado unicamente pelo mosquito Culex quinquefasciatus. Recife, no Nordeste brasileiro, foi um dos últimos locais no país a registrar casos de infecção filarial (humana e vetorial). Após ações bem-sucedidas do Plano Nacional de Eliminação da Filariose (PNEFL), com o Tratamento Coletivo (TC) e a Pesquisa de Avaliação de Transmissão, do inglês, Transmission Assessment Survey (TAS), a interrupção da transmissão da FL na cidade tem sido considerada. No entanto, devido a uma diversidade de fatores que possibilitam a existência de focos residuais ativos de infecção, inquéritos complementares devem ser realizados para evitar o recrudescimento da doença. Nesse contexto, este estudo propôs-se a avaliar o perfil de transmissão da filariose linfática (FL) em uma área do Recife após tratamento coletivo, utilizando o xenomonitoramento molecular (XM). O estudo foi conduzido em Água Fria, Recife, Pernambuco, Brasil, que carrega um importante histórico de endemicidade da doença, tendo recebido ações prioritárias do PNEFL. Após uma década do último TC realizado no bairro, foram capturados mosquitos em 200 imóveis para avaliação da infecção vetorial. Verificou-se 677 fêmeas de C. quinquefasciatus, distribuídas em 189 pools. Todos os pools validados constaram negativos para infecção por W. bancrofti. Em paralelo, foram obtidas informações a respeito das condições mosquitogênicas do bairro, o que nos possibilita sugerir ações de vigilância continuadas em Água Fria, visto que este ainda apresenta fatores extremamente favoráveis à proliferação e manutenção de mosquitos, com elevadas densidades, contribuindo fortemente para disseminação de doenças.