Programa Saúde na Escola: potencialidades e desafios no contexto da pandemia de covid-19

Abstract

Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa, apoiado na Análise de Conteúdo. O objetivo é conhecer e analisar as potencialidades e os desafios das ações do Programa Saúde na Escola (PSE) no contexto da covid-19 em um município da região Noroeste do Estado de Minas Gerais. Foram convidados a participar do estudo os membros do Grupo de Trabalho Intersetorial-Municipal (GTI-M), instância de gestão compartilhada do PSE, sendo esse o critério de inclusão na pesquisa. Para compreender o cenário do município com um olhar amplo, obtiveram-se dados secundários sobre a situação da saúde e do território escolar, bem como dados sociodemográficos e sobre infraestrutura por meio de consulta aos sistemas de informações públicos, como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) e Prefeitura Municipal de João Pinheiro. Para a coleta de dados, realizou-se uma pesquisa documental, consulta ao banco de dados do Ministério da Saúde e uso da investigação por meio do Círculo de Cultura, proposto por Paulo Freire (1999), além da aplicação de um questionário semiestruturado. A partir da análise das falas provenientes do questionário semiestruturado, dos diálogos no Círculo de Cultura e das características do território estudado, emergiram três categorias de estudo: relacionada à gestão e à intersetorialidade do PSE, acerca das estratégias para o desenvolvimento das ações de promoção da saúde e prevenção de agravos e sobre a promoção da saúde no território, suas potencialidades e desafios no contexto da pandemia da covid-19. Como resultado, destaca-se que os participantes compreendem a intersetorialidade como parceria, trabalho em equipe, articulação entre saúde e educação, bom relacionamento entre as áreas, elo, aproximação, união, vínculo, interação e fortalecimento. A percepção dos membros do GTI-M sobre o conhecimento do PSE demonstrou um programa de interface intersetorial. Evidenciou-se a superação de ações fragmentadas com foco na doença, bem como a articulação e o envolvimento de outros setores para enfrentar situações de insegurança alimentar e promover a saúde mental. Como desafio, cabe ressaltar a importância de ampliar o acesso às ações de promoção da saúde e prevenção de agravos ao aumentar o número de escolas pactuadas e, consequentemente, o número de escolares atendidos pelo PSE. O processo de educação permanente precisa ser efetivado para aprimorar o fortalecimento das ações intersetoriais no território e enfrentar as desigualdades sociais impostas pelos determinantes sociais de saúde.