Raça e HIV/AIDS: reflexões sobre os rebatimentos da pandemia da Covid-19 na vida de mulheres negras em tratamento de HIV/AIDS no Brasil

Abstract

As mulheres negras estão mais expostas e possuem maiores chances de adoecer e morrer por Covid-19, doença causada pelo vírus SARS-COV-2, pois o racismo se configura como determinação social em saúde. O objetivo do estudo foi compreender os impactos da Covid-19 nas condições de vida de mulheres negras em tratamento de HIV/AIDS nos serviços públicos de saúde no Brasil, no período de 2020 a 2022. Como método, utilizou-se a revisão de escopo, desenvolvida conforme proposto pelo Instituto Joanna Briggs em triangulação de dados com a pesquisa de dados quantitativos nos sistemas de informação em saúde (SIS) de tratamento HIV/AIDS disponíveis. Os resultados apontaram para a redução da renda das mulheres negras ocasionada pela recessão econômica, aumento de crises de ansiedade, gravidezes não pretendidas, abortos inseguros e medo da morte no período supracitado. Houve dificuldades de delimitar acometimentos específicos que atingissem as mulheres negras. Destaca-se a subnotificação de dados de raça/cor das mulheres negras com HIV/AIDS que permaneceu no período da pandemia. O estudo apontou que os dados capazes de trazer um panorama da realidade das mulheres negras no contexto da Covid-19 possuem um considerável déficit de registros no que tange ao quesito raça/cor, o que demonstra a persistência de uma significativa invisibilidade da temática.