Análise da variabilidade intraespecífica de Sporothrix brasiliensis por método molecular de tipagem

Abstract

A esporotricose é uma micose subcutânea causada por fungos termodimórficos do gênero Sporothrix, principal micose subcutânea no Brasil. Um dos objetivo deste estudo foi analisar os casos de esporotricose no Brasil desde sua primeira notificação. E para compreenção da ecoepidemiologia foi investigada a presença de Sporothrix spp. em amostras ambientas. Sporothrix brasiliensis é o principal agente identificado no Brasil, sendo assim foi desenvolvido e padronizado o sequenciamento de múltiplos loci (MLST) na identificação da variação intraespecífica de S. brasiliensis. Além da correlação dos diferentes genótipos de S. brasiliensis com o perfil de susceptibilidade. Devido à importância dessa micose no país, foi realizada uma revisão sistemática dos casos de esporotricose publicados no Brasil até 2020. Neste trabalho, foram compiladas as características ecológicas, epidemiológicas, clínicas e laboratoriais. Nesse período 10.400 casos de esporotricose humana foram publicados, 8.538 casos de esporotricose em animais, sendo 90,77% dos casos em gatos e 13 isolados ambientais de Sporothrix spp. Nos últimos anos, tem aumentado significativamente o número de casos dessa doença. Entretanto, há poucos dados ecoepidemiologico sobre o pricipal agente da esporotricose no Brasil. Assim sendo, foi investigada a presença de S. brasiliensis em amostras ambientas. Os estudos confirmaram a presença de S. brasiliensis em amostras obtidas de fontes ambientais, sendo uma fonte de contaminação, além de ter sido reportado o primeiro isolado ambiental de S. brasiliensis no estado do Rio de Janeiro. Para comprender melhor a epidemiologia da esporotricose, métodos moleculares, entre eles o sequenciamento parcial de alguns genes, têm sido aplicados na taxonomia e filogenia de Sporothrix spp Entretanto, métodos de identificação mais precisos, reprodutíveis e de baixo custo, que permitam a distinção de genótipos dentro de uma mesma espécie ainda não foram desenvolvidos. Desse modo, alguns genes constitutivos foram avaliados para o desenvolvimento do MLST utilizando o genoma completo de S. brasiliensis disponível no Genbank. Os iniciadores específicos foram desenhados no Primer BLAST e a reação de polimerase em cadeia (PCR) foi padronizada para todos os primers. Dentre os 45 loci avaliados para o desenvolvimento do MLST, três loci, aspartato aminotransferase (AST), fosfolipase A2 citosólica (CPLA2) e glicerol 3-fosfato desidrogenase (GPD1) fragmentos 1 e 2, apresentaram diversidade genética entre 93 isolados clínicos, veterinários e ambientais de S. brasiliensis de 10 regiões geográficas, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Sul, Paraná, Distrito Federal e Paraguai. Foram encontrados seis haplótipos distintos, altamente associados à região geográfica das cepas. A presente proposta representa mais um avanço nos estudos sobre taxonomia e epidemiologia de S. brasiliensis. Por último foi realizada a correlação dos diferentes genótipos de S. brasiliensis com o perfil de susceptibilidade. Dentre os 74 isolados avaliados 12 cepas foram classificadas como não-selvagens entre os fármacos avaliados, itraconazol, terbinafina e anfotericina B. As linhagens do tipo não selvagem representam três haplótipos H1, H2 e H3 correspondendo a seis estados brasileiros. Acreditamos que as observações adquiridas propicionaram um maior entendimento sobre o principal agente da esporotricose no Brasil, S. brasiliensis, fornecendo dados mais significativos referentes a epidemiologia da esporotricose