Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/64586
AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS CLÍNICOS E MICOLÓGICOS DE CASOS DE ESPOROTRICOSE DISSEMINADA TRATADOS COM ANFOTERICINA B NO INSTITUTO NACIONAL DE INFECTOLOGIA/FIOCRUZ NO PERÍODO DE 1998 A 2018
Souza, Vivian Fichman Monteiro de | Date Issued:
2022
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
A esporotricose é causada por fungos dimórficos pertencentes ao gênero Sporothrix. As formas graves e disseminadas correspondem a 5% dos casos. A anfotericina B tem sido empregada para o tratamento desses casos graves, mas apresenta alta toxicidade, e algumas vezes, resposta insatisfatória. Estudos já identificaram isolados de Sporothrix spp. com valores altos ou intermediários de concentração inibitória mínima para anfotericina B. No estado do Rio de Janeiro, ocorre uma hiperendemia de esporotricose relacionada à transmissão por gatos, e associada a espécie Sporothrix brasiliensis, a mais virulenta do gênero. O objetivo deste trabalho foi avaliar os aspectos clínicos e micológicos de casos de esporotricose grave tratados com anfotericina B e associar tais fatores ao desfecho ocorrido; descrever a ocorrência da esporotricose em transplantados renais; e descrever casos de esporotricose pulmonar. Foram utilizados o banco hospitalar de registros de pacientes e o banco de cepas do laboratório de micologia do INI. Os isolados foram identificados molecularmente por reação em cadeia da polimerase utilizando iniciadores específicos de cada espécie. A suscetibilidade in vitro aos antifúngicos foi avaliada pela técnica de microdiluição em caldo e os resultados avaliados de acordo com os pontos de corte epidemiológicos recentemente descritos Foram estudadas possíveis combinações de anfotericina B com outros fármacos para análise de possível sinergismo contra Sporothrix spp. Foram avaliados 73 casos disseminados de esporotricose tratados com anfotericina B, a maioria era do sexo masculino (72,6%), não branco (75,0%), a principal comorbidade foi coinfecção com HIV (52,1%), sendo observada necessidade de altas doses cumulativas de anfotericina B; alta taxa de eventos adversos, com necessidade de interrupção do tratamento em 20,5% dos casos, com eventos graves principalmente pela formulação desoxicolato; alta taxa de mortalidade (21,9%); e a cura da esporotricose grave esteve associada à ausência de acometimento ósseo, de vias aéreas superiores e do sistema nervoso central. Sporothrix brasiliensis foi a espécie identificada em todos os casos em que essa análise foi possível. Não houve associação entre valores de concentração inibitória mínima mais altos para itraconazol e anfotericina B com desfechos desfavoráveis. Não houve sinergismo in vitro da anfotericina B com o posaconazol ou com a 5-flucitosina contra Sporothrix brasiliensis. Foram identificados seis casos de esporotricose em transplantados renais, sendo quatro com formas cutâneas limitadas e dois pacientes com formas disseminadas. Cinco deles evoluíram para cura e um foi a óbito. Apesar da maioria ter evoluído com desfecho favorável, destacou-se a dificuldade do tratamento pela necessidade do uso da anfotericina B, que é nefrotóxica, e pelo manejo complicado entre as doses dos imunossupressores utilizadas e as doses do itraconazol Na análise dos casos de esporotricose pulmonar, foram identificados 17 espécimes pulmonares positivos para Sporothrix brasiliensis (13 de escarro e 4 de lavado broncoalveolar) de 14 pacientes. Apenas um caso foi de esporotricose pulmonar primária unifocal, sendo os outros treze de esporotricose disseminada. A principal comorbidade encontrada foi coinfecção com HIV (78,6%), seguida de etilismo (71,4%). A taxa de mortalidade foi de 42,9%. A esporotricose disseminada é de difícil tratamento e tem alta morbimortalidade. Um melhor prognóstico depende do manejo adequado, incluindo diagnóstico e terapia antifúngica precoce, além de adesão por parte do paciente
Abstract
Sporotrichosis is caused by dimorphic fungi belonging to the genus Sporothrix. Severe and disseminated forms correspond to 5% of the cases. Amphotericin B has been used to treat these severe cases, but it has high toxicity and sometimes an unsatisfactory response. Studies have already identified Sporothrix spp. isolates with high or intermediate values of minimum inhibitory concentration for amphotericin B. In the state of Rio de Janeiro, there is a hyperendemic sporotrichosis related to zoonotic transmission by cats, and associated with Sporothrix brasiliensis, the most virulent species of the genus. The objective was to evaluate the clinical and mycological aspects of severe sporotrichosis cases treated with amphotericin B and its association with the outcome; to describe the occurrence of sporotrichosis in kidney transplant recipients; and describe cases of pulmonary sporotrichosis. The hospital database of patient records and the stored strains at the INI mycology laboratory were used. Isolates were molecularly identified by polymerase chain reaction using species-specific primers In vitro susceptibility to antifungals was evaluated by the broth microdilution technique and the results evaluated according to the epidemiological cut-off points recently described. Possible synergism combinations of amphotericin B with other drugs against Sporothrix spp. were studied. A total of 73 sporotrichosis disseminated cases treated with amphotericin B were evaluated, most were male (72.6%), non-white (75.0%), the main comorbidity was HIV coinfection (52.1%), high cumulative doses of amphotericin B were needed; there was a high rate of adverse events, requiring treatment interruption in 20.5% of the cases, with serious events mainly due to the deoxycholate formulation; the mortality rate was high (21.9%); and the cure of severe sporotrichosis was associated with the absence of bone, upper airway and central nervous system involvement. Sporothrix brasiliensis was the species identified in all cases in which this analysis was possible. There was no association between higher minimum inhibitory concentration values for itraconazole and amphotericin B with unfavorable outcomes. There was no in vitro synergism of amphotericin B with posaconazole or 5- flucytosine against Sporothrix brasiliensis Six cases of sporotrichosis in kidney transplant recipients were identified, four with limited cutaneous forms, and two with disseminated forms. Five of them were cured and one died. Although the majority had a favorable outcome, the treatment was difficult due to the need to use amphotericin B, which is nephrotoxic, and the complicated management between the doses of immunosuppressants used and the doses of itraconazole. For the analysis of pulmonary sporotrichosis cases, 17 positive pulmonary specimens for Sporothrix brasiliensis were identified (13 from sputum and 4 from bronchoalveolar lavage) from 14 patients. Only one case was of unifocal primary pulmonary sporotrichosis, and the others were disseminated sporotrichosis. The main comorbidity was HIV coinfection (78.6%), followed by alcoholism (71.4%). The mortality rate was 42.9%. Disseminated sporotrichosis is difficult to treat, with high morbidity and mortality. A better prognosis depends on proper management, including early diagnosis and antifungal therapy, and patient compliance
Share