Painel Unificador COVID-19 nas favelas: análise territorializada da morbimortalidade associada ao novo coronavírus no município do Rio de Janeiro

Abstract

Esse estudo torna-se relevante frente à Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) que o novo coronavírus desencadeou de forma global, dado que essa doença pode cursar com uma síndrome respiratória aguda grave e que indivíduos de grupos vulneráveis estão suscetíveis a agravamento pela COVID-19. Os principais objetivos foram comparar e analisar a distribuição da morbimortalidade da COVID-19 nos 163 bairros do município do Rio de Janeiro, comparando os territórios formais e os territórios de favelas. Foram coletados dados de morbimortalidade por COVID-19 nas favelas, agrupados por CEP, e realizada a análise das frequências de casos e óbitos por bairro. A metodologia empregada foi descritiva e comparativa, utilizando um estudo ecológico que analisou casos e óbitos confirmados de COVID-19 entre março de 2020 e maio de 2022 disponibilizados pela prefeitura, utilizando dados relacionados ao número de casos e óbitos por COVID-19 nos bairros que foram obtidos através do CEP (Código de Endereçamento Postal), no EpiRio, criado pela Secretaria Municipal de Saúde e disponibilizado na plataforma online do Sistema Municipal de Informações Urbanas (SIURB). Como resultado, observou-se que o número de casos foi maior nos bairros formais. O bairro de Campo Grande alcançou as maiores frequências de casos referente a análise dos bairros formais, do período 2 - 2020/2021 ao período 4 - 2021/2022 e de óbitos nos bairros formais todos os períodos. O bairro de Bangu registrou o maior número de casos por COVID-19 nas favelas por bairros, do período 1 - 2020 ao período 4 - 2021/2022, no período 5 - 2022 nas favelas por bairros a Tijuca se destacou com maior número de casos Quanto à frequência de óbitos nas favelas Bangu e Campo Grande foram os bairros mais afetados. No que tange a morbimortalidade nos bairros formais foram identificadas as maiores frequências de casos e óbitos por COVID-19, chegando ao dobro de número de casos em alguns períodos, o que pode confirmar a baixa testagem nos locais de favelas. As proporções encontradas para os casos em territórios classificados com altíssima concentração de favelas estão entre 30 e 73%. Para os óbitos esses mesmos territórios apresentaram as proporções entre 16% e 83% ao longo dos períodos. Das taxas de letalidade nas favelas dos sete territórios com altíssima concentração de favelas, o Complexo do Alemão apresenta as maiores taxas, com 49%, 38% e 45% do período 1 ao 3. Nas ocupações formais desse mesmo território, o Complexo do Alemão segue em destaque em todos os períodos.