Análise descritiva da natimortalidade no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da criança e do Adolescente Fernandes Figueira, entre 2009 e 2018

Abstract

A natimortalidade representa um evento de grande importância em saúde pelos impactos diversos para o sistema de saúde e famílias. Expressa pela razão entre óbitos fetais e total de nascimentos, é um indicador crucial para avaliar a qualidade da assistência obstétrica e está associada a diversos fatores, como baixo nível socioeconômico e iniquidades sociais. Por ser prevenível em sua maioria, a natimortalidade é considerada um evento sentinela. Os objetivos deste estudo são descrever os casos de óbitos fetais e as características das gestações correspondentes no IFF, entre 2009 e 2018. No período do estudo, foram registrados 781 natimortos no IFF, dos quais 385 casos foram analisados. Quanto às características sociodemográficas maternas, houve predomínio de mulheres com idade entre 18 e 35 anos; pretas e pardas; procedentes do município do Rio de Janeiro; com sobrepeso e obesidade; e com escolaridade de 9 a 12 anos de estudo. Quanto aos antecedentes obstétricos, a maioria das mulheres era primigesta; dentre as mulheres com gestações anteriores, a maioria tinha antecedente de parto vaginal, não possuía cesárea prévia nem história de perda gestacional ou de malformações fetais. Quanto aos dados da gestação índice, a maioria era de feto único, com início do pré-natal após as 21 semanas, com menos de 7 consultas de pré-natal; a maioria dos partos foi induzido e por via vaginal, sendo o diagnóstico do óbito fetal realizado majoritariamente antes do início do trabalho de parto. Dentre os natimortos, houve predomínio do sexo feminino, com idade gestacional média de 30 semanas, peso ao nascer médio de 1608g. A investigação dos casos contou com realização de necrópsia e histopatológico da placenta em sua maioria. A maior parte das causas básicas dos óbitos pertenciam ao CAPÍTULO XVII da CID-10 (Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas).