Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/66414
CÂNCER DE MAMA NO CONTEXTO DA JUDICIALIZAÇÃO: UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS DEMANDAS JUDICIAIS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ PARA ACESSO AO TRATAMENTO DE SAÚDE NAS ESFERAS PÚBLICA E PRIVADA
Judicialização da Saúde
Acesso aos Serviços de Saúde
Sistema Único de Saúde
Saúde Suplementar
Acesso Universal aos Serviços de Saúde
Integralidade em Saúde
Augusto, Luciene Rodrigues da Silva Garcia | Date Issued:
2021
Advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
O câncer de mama é uma doença considerada um grave problema de saúde pública no mundo, devido às suas altas taxas de incidência, mortalidade e pelas repercussões que produz no contexto social, econômico e psicológico da vida da mulher adoecida. No cenário brasileiro, a despeito da existência de um sistema de saúde de corte universal, as carências do setor de saúde fazem com que o acesso ao tratamento dessa neoplasia muitas vezes seja extremamente difícil, obrigando mulheres a “entrar na justiça” em busca da efetivação do tratamento pleiteado, especialmente para o fornecimento de medicamentos de alto custo. Em virtude desse problema, o presente trabalho apresenta e problematiza as demandas judiciais para tratamento de câncer de mama, a partir da jurisprudência do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR). O objetivo é compreender as mobilizações dos atores envolvidos nos processos judiciais acerca do direito universal e integral à saúde e como elas se expressam no contexto de acesso ao tratamento das mulheres com câncer de mama. Para tanto, são problematizadas questões relativas à integralidade da saúde, à compreensão da saúde em sentido ampliado, à responsabilidade solidária dos entes federativos, à saúde como mercadoria e suas regulamentações normativas. Nesse panorama de análise, a judicialização apresenta centralidade. Este instrumento de acesso a direitos tem sido contestado por diversos atores sociais das esferas institucionais, jurídicas e acadêmicas. Assim, este estudo traz à luz o debate das diferentes visões alinhadas à judicialização da saúde e aquelas que ponderam seus impactos e limites para o sistema de saúde brasileiro. No âmbito da pesquisa realizada, a maioria das demandas judiciais eram por medicamentos, mas variavam o tipo, especialmente nos pleitos das mulheres em tratamento na rede privada de saúde. Observou-se que quase a totalidade das decisões judiciais foram favoráveis às mulheres desta pesquisa. O Estado do Paraná, na figura dos gestores de saúde, recorreu de todas as decisões que beneficiavam às litigantes. Situação semelhante ocorreu com os planos de saúde, que também recorreram de todas as decisões iniciais favoráveis às mulheres com câncer de mama. Os argumentos contrários às decisões são variados. No que se refere aos processos judiciais do Sistema Único de Saúde (SUS): a responsabilidade exclusiva da União em custear os medicamentos de alto custo, a não comprovação técnica da eficácia do tratamento de saúde indicado pelo médico, medicamentos não incorporados ao SUS ou não registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), entre outros. Em relação aos processos judiciais da rede privada de saúde: o dever da cobertura irrestrita de serviços cabe à União, medicamentos não registrados pela ANVISA, a não comprovação técnica da eficácia do tratamento de saúde indicado pelo médico, entre outros. Através dos resultados obtidos neste estudo, observou-se que os atores envolvidos com as demandas judiciais apresentam diferentes compreensões sobre o contexto de saúde e doença das mulheres com câncer de mama, bem como na discussão dos impactos dessa neoplasia para sua rede familiar e/ou de cuidados. Além disso, é desarmônico o entendimento por parte dos atores judiciais sobre a existência de responsabilidade de custeio do tratamento de saúde entre os entes federativos. No campo do sistema privado de saúde, há contradições na compreensão sobre o rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), bem como do direcionamento da responsabilidade do fornecimento do tratamento de saúde à União, quando este não é disponibilizado pelos planos de saúde. Assim, este estudo potencializa o debate da judicialização da saúde a partir dos diversos aspectos apresentados nos processos judiciais.
Abstract
Breast cancer is a disease considered a serious public health problem in the world, due to its high rates of incidence, mortality and the repercussions it produces in the social, economic and psychological context of the life of the sick woman. In the Brazilian scenario, despite the existence of a universal health care system, the shortcomings of the health sector make access to treatment for this neoplasia, often extremely difficult, forcing women to “go to court” in order to take effect. of the requested treatment, especially for high-cost drugs. In view of this problem, the present work presents and problematizes as judicial demands for the treatment of breast cancer, based on the jurisprudence of the Paraná Court of Justice (TJPR). The objective is to understand the mobilizations of the actors involved in the judicial processes regarding the universal and integral right to health, and how they are expressed in the context of access to the treatment of women with breast cancer. To this end, issues related to the comprehensiveness of health, to the comprehension of health in a broader sense, to the joint responsibility of the federative entities, to health as a commodity and its normative regulations are problematized. In this panorama of analysis, judicialization is central. This instrument of access to rights has been contested by several social actors in the institutional, legal and academic spheres. This study brings to light the debate on the different views aligned with the judicialization of health and those that weigh their impacts and limits on the health system. In the scope of the research carried out, most of the judicial demands were for drugs, but the type varied, especially in the claims of women being treated in the private health network. It was observed that almost all judicial decisions were favorable to the women in this research. The State of Paraná, in the figure of health managers, appealed all decisions that benefited the litigants. A similar situation occurs with health plans, which also resorted to all initial decisions in favor of women with breast cancer. The arguments against decisions are varied. With regard to the lawsuits of the Unified Health System (SUS): an exclusive responsibility of the Union to pay for high-cost drugs, technical non-proof of the effectiveness of the health treatment indicated by the doctor, drugs not incorporated into SUS or not registered by the National Health Surveillance Agency (ANVISA), among others. In relation to the processes of the private health network: the duty of unrestricted coverage of services falls to the Union, medicines not registered by ANVISA, the technical non-proof of the effectiveness of the health treatment indicated by the doctor, among others. Through the results obtained in this study, it was observed that the actors involved with the judicial demands present different understandings about the context of health and disease of women with breast cancer, as well as in the discussion of the impacts of this neoplasm for their family network and/or care. In addition, the understanding by the judicial actors about the existence of responsibility among the federal entities is disharmonious. In the field of the private health system, there are contradictions in the understanding of the list of procedures of the National Supplementary Health Agency (ANS), as well as the directing of the responsibility for providing health treatment to the Union, when it is not made available by health plans. health. Thus, this study enhances the debate on the judicialization of health based on the various aspects presented in the judicial proceedings.
DeCS
Neoplasias da MamaJudicialização da Saúde
Acesso aos Serviços de Saúde
Sistema Único de Saúde
Saúde Suplementar
Acesso Universal aos Serviços de Saúde
Integralidade em Saúde
Share