Atendimentos oferecidos em um banco de leite humano no Estado do Rio de Janeiro: levantamento das queixas das nutrizes

Abstract

A amamentação é uma estratégia de baixo custo e com alta eficácia no combate à morbimortalidade materno-infantil, mas requer aprendizado do binômio, orientações e apoio. Apesar dos inúmeros benefícios evidenciados cientificamente para a tríade mãe-bebê-sociedade, a prevalência do Aleitamento Humano Exclusivo (AHE) no Brasil embora tenha ascendido para 45,7%, ainda se encontra abaixo da taxa de 50% estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Diversos fatores podem comprometer o sucesso da amamentação, como questões socioculturais, intercorrências mamárias, falta de rede de apoio e acesso à informação, aspectos psicoemocionais maternos e retorno ao trabalho/estudo. Objetivo geral: Realizar um levantamento das principais queixas que cercam o aleitamento humano das nutrizes advindas dos atendimentos em um Banco de Leite Humano (BLH) do Rio de Janeiro. Objetivos específicos: Conhecer o perfil das lactantes que procuram os atendimentos em um centro de serviço especializado em aleitamento humano; identificar as principais queixas acerca do aleitamento; e relacionar as principais queixas no processo da amamentação entre as nutrizes que tiveram filhos em maternidades com e sem BLH. Metodologia: Trata-se de estudo descritivo, exploratório, correlacional e analítico com abordagem quantitativa. A coleta de dados ocorreu no período de abril a agosto de 2023, por meio de um questionário online semiestruturado e dados da ficha cadastral dos atendimentos realizados no BLH de um hospital público referência para gestação de alto risco fetal, no Município do Rio de Janeiro. A população do presente estudo foram nutrizes que compareceram à unidade em busca de atendimentos especializados em aleitamento materno e aceitaram participar da pesquisa. A tabulação e análise dos dados foram realizadas pelo software Microsoft Office Excel (Microsoft® 2015), Epi Info™ versão 7.2 e wordclouds.com para auxiliar a análise lexical por meio da técnica da nuvem de palavras. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o parecer n° 5.987.007. Resultados: A amostra contou com 256 participantes. No período da coleta de dados, a maioria das lactantes tinham idades entre 19-34 anos 61,9%(n=156), brancas 45,7%(n=117), casadas 62,9%(n=161), ensino superior 60,2% (n=154), trabalho formal 51,6%(n=132), ≥3 salários-mínimos 43,3% (n=111), conheceram o BLH por meio de amigos 33,6% (n=86) e profissionais de saúde da rede privada 29,7% (76) e não possuem rede de apoio 61,7% (158). Das 256 participantes, 87,1% (223) relataram pelo menos uma queixa, dentre elas estão a pega 14,2(n=97), orientações/puericultura 12,7%(n=87), insegurança materna 8,1%(n=55), angustia 7,6%(n=52), ganho de peso insuficiente 7,2%(n=49), posição 6,3%(n=43), hipogalactia 5,9%(n=40), fórmula infantis 5,7%(n=39), manutenção da lactação 5,7%(n=39) e queixas mamilares 5,6%(n=38). A maioria das lactantes, receberam orientações sobre AM durante o pré-natal 66,0% (n=169), realizaram contato pele a pele/AM na sala de parto 67,2% (n=172), e não possuía BLH na maternidade 53,5% (n=137). Conclusão: O perfil das usuárias do BLH em questão pode sofrer influência geográfica a qual a unidade está situada, o nível de acesso e qualidade das informações recebidas pelas nutrizes. Por outro lado, foi possível observar que as mulheres que tiveram filhos em unidades que possuem BLH tiveram menos intercorrências mamárias em comparação com as que não tinham BLH.