O Partograma de Nova Geração da OMS: avaliação do uso e proposta de implementação

Abstract

INTRODUÇÃO: Complicações durante o trabalho de parto contribuem significativamente para mortes maternas, natimortos e mortes neonatais evitáveis. O desenvolvimento do Partograma visa facilitar o acompanhamento do trabalho de parto e a detecção precoce de alterações. Desde a sua criação, o partograma vem evoluindo para se adequar às práticas atuais e com isso foi desenvolvido o Guia de Cuidado do Trabalho de Parto (GCTP) e o novo modelo de partograma da OMS 2020 (POMS20). OBJETIVOS: Revisar a literatura sobre os resultados da adoção do novo modelo de partograma da OMS 2020 (POMS20), orientar o preenchimento correto do POMS20, apresentar novas definições e nomenclatura, revisar viabilidade, vantagens e desvantagens, além de propor estratégias para sua implementação no Instituto Fernandes Figueira (IFF/FIOCRUZ). MATERIAL E MÉTODOS: Foi realizada uma revisão integrativa utilizando a base de dados PubMed para buscar artigos entre 2018 e 2024 com os descritores "Labour care guide", "Labor care guide", "WHO" e "partograph", resultando em 72 artigos, dos quais 15 foram selecionados com base no interesse do estudo. Após a exclusão de duplicatas, 8 artigos foram escolhidos, abordando a avaliação, implementação, viabilidade e mudanças nos desfechos do novo projeto de partograma da OMS. Além disso, foram utilizados dados de revisões sistemáticas da Cochrane e documentos de orientação da OMS para embasamento teórico do estudo. RESULTADOS: A pesquisa bibliográfica abordou a avaliação do GCTP em 8 artigos, destacando seus benefícios na assistência ao parto, como a melhora na qualidade da assistência e redução de intervenções desnecessárias, assim como redução de cesarianas e tempo de trabalho de parto. Profissionais de saúde avaliaram positivamente a usabilidade e satisfação com o POMS20 apontando vantagens em relação ao treinamento e curva de aprendizado conforme seu uso. Preocupações com a frequência de monitoramento, layout e tempo adicional para preenchimento devido ao maior número de variáveis foram constatadas. Por fim, barreiras para a implantação incluíram a necessidade de habilidades específicas para avaliação de determinadas variáveis, cargas de trabalho maiores e infraestrutura inadequada, ressaltando a necessidade de estratégias para superar esses desafios. CONCLUSÃO: O POMS20 é uma ferramenta de avaliação mais abrangente que analisa de maneira multifacetada o primeiro e o segundo estágio do trabalho de parto. Apesar dos desafios na sua implementação, oferece vantagens significativas, especialmente na melhoria da qualidade da assistência. No IFF/FIOCRUZ, sua implementação parece ser viável e apresentar benefícios, mas ainda requer o desenvolvimento de certos fatores para garantir seu uso eficaz e consistente.