O uso de uma oficina de simulação de gravidez: as potencialidades e limitações de uma estratégia de ensino em saúde aplicadas à educação formal e não formal

Abstract

A gravidez é um fenômeno complexo na vida de adolescentes e jovens. No Brasil dados apresentados pela literatura apontam não só para um problema de saúde pública quando se analisa os dados relacionados à ocorrência de uma gestação na adolescência, quanto para questões relacionadas a uma gestação não planejada entre as jovens. Nesse sentido, essa pesquisa tem como objetivo principal discutir os potenciais e as limitações do uso de uma oficina que usa do simulador de gravidez “The Empathy Belly” como ferramenta de ensino em saúde no âmbito do ensino formal e não formal. Paulo Freire acredita que é necessário oferecer à sociedade mecanismos que permitam uma reflexão crítica sobre determinadas realidades, a fim de emancipar esses indivíduos, apresentando a eles novas perspectivas. Nesse sentido, um percurso metodológico foi seguido: 1) investigação sobre o material utilizado na oficina; 2) aplicação e validação da atividade proposta; 3) levantamento de percepções sobre a gravidez; 4) aplicação da atividade na escola e no museu. Alguns dados foram analisados por meio da análise de conteúdo proposta por Lawrence Bardin e outros foram lapidados e interpretados à luz das teorias sobre o signo ideológico de Mikhail Bakhtin. Os resultados obtidos apontaram que grande parte das percepções iniciais sobre a gravidez apresentadas pelos participantes possuíam fundamentação nas vivências sociais de cada indivíduo, além disso, foi possível validar a atividade proposta como uma oficina voltada ao ensino em saúde. A pesquisa demonstrou que existem potencialidades e limitações relacionadas ao uso de um simulador de gravidez, uma vez que, mesmo que ele possa estimular a empatia e o cuidado para com uma gestante, alguns relatos de participantes ressaltam que a simulação com um simulador de gravidez não é capaz de refletir de forma completa como é a experiência de uma gravidez, além disso, outros participantes ressaltaram que apenas a simulação não seria suficiente para a mudança de comportamentos de risco relacionados a gravidez não planejada.