Experiências de ensino sobre os resíduos sólidos na educação básica brasileira à luz da educação ambiental crítica: uma revisão integrativa

Abstract

Nos últimos anos, os problemas ambientais têm cada vez mais recebido atenção mundial e a gestão dos resíduos sólidos representa uma das questões ambientais prioritárias. Segundo o Banco Mundial, a humanidade produziu 2,01 bilhões de toneladas de resíduos sólidos em 2016 e um terço foi descartado incorretamente, o que tem causado impactos socioambientais, tais como inundações e disseminação de doenças, exacerbando as injustiças socioambientais. Nesse cenário, a escola é um espaço privilegiado para a discussão dos resíduos, por ser um ambiente de formação cidadã desde a infância. O objetivo deste estudo foi analisar a produção acadêmica em ensino sobre resíduos sólidos na educação básica brasileira à luz da educação ambiental crítica, a partir de uma revisão integrativa das publicações entre 2018 e 2022. Os referenciais teóricos foram Layrargues, Guimarães, Leonard, Lima, Reis, Loureiro, Torres e Logarezzi, pesquisadores da área da Educação Ambiental Crítica e do ensino sobre resíduos sólidos. Foram consultados o Portal de Periódicos CAPES, o Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, o Google Acadêmico e os anais do ENPEC e CONEDU. As palavras-chave utilizadas para a realização da busca foram: lixo, "resíduos sólidos", educação, ensino, escola. Os temas foram categorizados por meio da análise temática de Braun e Clarke (2006) e as modalidades didáticas basearam-se na classificação de Krasilchik (2004). Dos 931 estudos identificados, 109 foram experiências de ensino sobre resíduos sólidos na educação básica brasileira. Cerca de um terço dos estudos foi publicado em 2019 (33%), 42% foram realizados no Nordeste, 60% envolveram iniciativas no Ensino Fundamental e a escola pública foi o local da maioria dos trabalhos (84%). As experiências de ensino foram diversas, sendo sua maioria desenvolvida por meio de aulas expositivas, aulas práticas e projetos, em diferentes disciplinas como Ciências, Geografia, Química, Matemática, Artes, História, Português e Inglês. Porém, muitas das práticas foram voltadas para abordagens mais técnicas dos resíduos, não aproveitando-se a oportunidade para uma discussão mais ampla sobre o tema como gerador de questionamentos sobre as causas socioeconômicas e culturais, bem como a responsabilidade coletiva da gestão dos resíduos. A partir dos resultados desse estudo, esperamos contribuir para uma ampla discussão da educação ambiental e do ensino de resíduos sólidos nas escolas. Acreditamos que, a partir de uma abordagem contextualizada a cada realidade, envolvendo toda a comunidade escolar e o seu entorno, será possível promover a cooperação mútua e equitativa nos processos de decisão sobre a gestão dos resíduos no espaço escolar. Dessa forma, consideramos importante formar os profissionais da educação para que desenvolvam práticas mais críticas e integradoras no chão da escola em prol da justiça ambiental.