Avaliação sazonal e aplicação de óleos essenciais do gênero Lavandula e seus derivados no combate às arboviroses

Abstract

As espécies Lavandula dentata L. e Lavandula angustifolia Mill., conhecidas como lavanda, têm sido estudadas por suas propriedades antiviral, larvicida, repelente e inseticida, tornando-as relevantes no controle do vetor Aedes aegpyti L e das arboviroses. No entanto, alguns autores falham quando não consideram a composição química do óleo essencial (OE), uma vez que esta pode mudar de acordo com fatores bióticos e abióticos. Embora os óleos essenciais (OEs) sejam frequentemente citados como eficazes, existem limitações em sua utilização pela composição de constituintes voláteis, degradação e hidrofobicidade. Uma das formas de contornar esses problemas é por meio de formulações, como as nano e microemulsões. Além disso, a toxicidade também deve ser um fator avaliado, visto que alguns constituintes de OEs são considerados tóxicos. Com base nisso, os objetivos do estudo foram caracterizar os OEs de L. dentata e L. angustifolia coletados em diferentes épocas do ano, elaborar as formulações com os OEs, avaliar a atividade larvicida dos OEs e de suas formulações contra larvas de terceiro estádio do mosquito Ae. aegypti, testar ambos contra os vírus DENV e ZIKV, e avaliar a toxicidade de ambos em Artemia salina e células VERO. Para atingir esses objetivos, as partes aéreas de L. dentata e L. angustifolia foram coletadas e submetidas à hidrodestilação, separadamente, para obter os OEs. Em seguida, os óleos foram analisados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG-EM). Após as análises dos espectros de massas dos sinais dos cromatogramas foi possível determinar como principais constituintes os monoterpenos cânfora,1,8-cineol e fenchona em todos os meses de coleta. Os teores desses constituintes variaram de acordo com a coleta, mas sempre estiveram presentes. Para prosseguir com os ensaios, foram criados blends, que são misturas de diferentes OEs da mesma espécie As formulações de L. dentata e L. angustifolia foram preparadas usando o método de inversão/titulação de fase e após avaliação pelos fenômenos de instabilidade, optou-se pelo EHLrequerido de valor 15. As análises de tamanho de partícula e valores de polidispersão foram satisfatórios, demonstrando homogeneidade das formulações, além da escala reduzida (aproximadamente 10 nm para ambas). Os ensaios larvicidas realizados com larvas de terceiro estádio (L3) mostraram que os OEs foram eficazes contra larvas de Ae. aegypti. As formulações, entretanto, diminuíram a atividade biológica nas mesmas condições dos ensaios com os OEs. Nos ensaios contra DENV e ZIKV, os OEs e as formulações causaram aumento no título viral. Em relação a toxicidade, os blends e as formulações foram moderadamente tóxicos contra náuplios de A. salina. A formulação, no entanto, diminuiu a toxicidade. Os OEs não foram tóxicos para células VERO, e ainda promoveram a viabilidade celular.