Estudo das prevalências de infecções pelo HIV e sífilis em pessoas privadas de liberdade na penitenciária feminina do Distrito Federal 2021-2022

Abstract

Trata-se de um estudo das prevalências de infecção por Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e Sífilis entre Pessoas Privadas de Liberdade na Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF) no período de janeiro de 2021 a dezembro de 2022. Foram analisados 746 registros de atendimento e resultados de teste rápido para HIV e sífilis e realizada uma caracterização do perfil sociodemográfico desta população. O objetivo desse trabalho foi determinar as prevalências de infecção por HIV e Sífilis entre PPL na PFDF e objetivo específico a análise do perfil sociodemográfico e distribuição por região de saúde visando identificar possíveis fatores associados às infecções. A PFDF localiza-se na cidade satélite do Gama, Distrito Federal, região sul de saúde. Do total de 746 pessoas atendidas (100% examinadas), 22 foram positivas para HIV (2,95%). A mediana da faixa etária foi de 29 anos. Sobre a distribuição por gênero observou-se que os indivíduos transgêneros apresentaram maior prevalência (14,06%) do que os indivíduos cisgênero - 1,91% (RP - 7,38, p < 0,01). Na análise segundo raça/cor identificou-se maior prevalência em pessoas negras e pardas (4,88% e 3,32%, respectivamente), quando comparadas com a população branca, na qual não se identificou nenhum caso. Quanto ao grau de instrução, observou-se uma prevalência de infecção para o conjunto de pessoas com baixo nível de escolaridade (4,22%) superior à prevalência de infecção do grupo de pessoas com média e alta escolaridade (1,87%), entretanto, sem significância estatística (RP - 2,264; p = 0,0564) A respeito da distribuição por região de saúde, observou-se uma maior prevalência de infecção na região centro-sul (6,82%), quando comparada com a prevalência de infecção do conjunto de outras regiões de saúde do DF (2,71%) (RP - 2,52; p = 0,04). Na análise dos resultados para sífilis, foram identificadas 90 pessoas com infecção (12,06%). A mediana de idade neste grupo foi de 28 anos. Na distribuição por gênero não se observou diferença significativa na prevalência de infecção entre os indivíduos transgênero e cisgênero. Na análise das prevalências de infecção segundo raça/cor observou-se maior prevalência no grupo de pessoas negras (17,89%), quando comparado com a população branca (8,87%) (RP - 2,02; p - 0,04). Sobre grau de instrução, observou-se uma prevalência de infecção para o conjunto de pessoas com baixo nível de escolaridade (14,65%) superior ao detectado no grupo de pessoas com média e alta escolaridade (9,68%) (RP - 1,51; p = 0,04). Quanto à distribuição dos casos por região de saúde, observou-se uma maior prevalência de infecção na região norte (19,75%), quando comparada com a prevalência de infecção do conjunto de outras regiões de saúde do DF (11,22%) (RP - 1,76; p = 0,03). Foram identificados 6 casos de coinfecção de HIV/sífilis (0,80% do total examinado), com maior prevalência em homem transgênero (11,1%).Os resultados deste estudo corroboram evidências de que as pessoas privadas de liberdade compõem um grupo vulnerável às IST, em especial pessoas transgêneros e refletem as condições socioeconômicas, as quais estão expostas.