Vigilância em saúde na América Latina em tempos de COVID-19: a resposta sanitária no Chile

Abstract

O estudo teve por objetivo analisar a resposta sanitária à COVID-19 em contexto latino-americano, com ênfase nas medidas de vigilância em saúde no Chile. Foi desenvolvido em três momentos. Primeiro, foi feita uma contextualização da vigilância em saúde em âmbito internacional. Após, foi abordada a preparação e a resposta de países latino-americanos para enfrentamento de emergências sanitárias. Por fim, analisou-se a resposta sanitária do Chile à COVID-19. As técnicas de pesquisa utilizadas consistiram em revisão de literatura, análise documental, pesquisa de campo com realização de visitas e entrevistas com informanteschave e análise de dados secundários. A análise demonstrou que, de modo geral, a preparação autorreferida pelos países da América Latina não correspondeu aos indicadores de resposta neles observados, demonstrando a importância de considerar os condicionantes socioeconômicos e demográficos. Nos dois anos da resposta sanitária à COVID-19 no Chile, teve destaque a mobilização de recursos para aquisição de insumos e vacinas, a contratação da força de trabalho em saúde, a conformação de rede laboratorial, a unificação da rede assistencial hospitalar e o fortalecimento de estratégias de vigilância em saúde. Contudo, as desigualdades socioespaciais na distribuição de recursos diagnósticos e de vacinas denotam a persistência de antigos problemas, demonstrando que o enfrentamento de futuras crises sanitárias necessita ter como propósito fundamental a promoção da equidade em saúde. Portanto, os achados deste estudo reforçam que o fortalecimento de capacidades de sistemas de saúde e de vigilância para enfrentarem emergências sanitárias requer intervenções para redução de desigualdades sociais estruturais nos países da região O fortalecimento da vigilância em diversos planos, em integração com a Atenção Primária à Saúde, se apresenta como um caminho promissor nessa direção, potencializando que os diversos elementos territoriais sejam reconhecidos e considerados na constituição da resposta sanitária.