Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/69834
TENSIONANDO OS "UNIVERSAIS": ONDE ESTÁ A QUESTÃO RACIAL NAS PRÁTICAS DE ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES CRONICAMENTE ADOECIDOS?
Doença Crônica
Racismo
População Negra
Equidade em Saúde
Proteção da Criança
Costa, Isabel Araújo da | Date Issued:
2024
Author
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
A universalização da experiência torna o campo do adoecimento crônico e complexo colonizado por histórias únicas, onde se desconsidera e deslegitima a diversidade e a pluralidade encontrada nas infâncias e adolescências, possibilitando a reprodução e manutenção das estruturas de opressão que operam em nossa sociedade. Desse modo, ao pensar na realidade brasileira e na história colonial do país, há de se considerar que o racismo, enquanto estruturante da sociedade, interfere direta e indiretamente nas condições de vida e fatores de risco relacionados ao acesso, cuidados contínuos e bem-estar. Tal interferência atua corroborando para a manutenção de estereótipos e representação da população negra, interferindo nas condições de saúde deste grupo específico e se fazendo presente nos cuidados durante hospitalizações prolongadas. Vale ressaltar que falar sobre saúde também é falar sobre os processos de desigualdades e de opressão social que hierarquizam as relações sociais. Portanto, nesse contexto em que a lógica biomédica opera localizando o corpo adoecido como objetivo, a diferença é posta em suspensão bem como a humanidade que habita este corpo que é marcado pela doença, fazendo a manutenção de iniquidades pautadas no racismo, adultocentrismo e capacitismo. Assim sendo, essa dissertação tem como objetivo explorar, sob a perspectiva da equidade, as presenças e ausências da questão racial na atenção à saúde de crianças e adolescentes cronicamente adoecidas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa utilizando como método a etnografia e como instrumento, pautado no universo lúdico, a contação de histórias para trabalhadores de saúde, que colocam em cena a questão racial e que possuem linguagem infanto-juvenil. Em uma tentativa de acionar uma dimensão sensível destes trabalhadores - a fim de não esbarrar no mito da democracia racial que opera em nossa sociedade - buscamos a vertente etnográfica, valorizando as conversas informais, onde não houvesse uma atmosfera “artificial” de pesquisa. Foram cinco meses de pesquisa em campo onde oito momentos de conversa foram possíveis, sendo a maioria composto por mulheres e com participação de apenas quatro homens. Nesses encontros, 21 TCLE foram assinados. Algumas discussões foram possíveis sobre território, representações, estereótipos, prioridades e afecções no cuidado. Conclui-se que a questão racial permanece encoberta, pelas sombras de várias hierarquias que colocam tal marcador como algo secundário e de menor importância, frente à força que ocupa a complexidade médica do cuidado ao corpo no adoecimento crônico.
Abstract
The universalization of experience makes the field of chronic and complex illness colonized by unique stories, where diversity and plurality found in childhood and adolescence are disregarded and delegitimized. This enables the reproduction and maintenance of oppressive structures operating in our society. Thus, considering the Brazilian reality and the country's colonial history, it must be acknowledged that racism, as a structuring element of society, directly and indirectly interferes with living conditions and risk factors related to access, continuous care, and well-being. Such interference acts to reinforce stereotypes and representations of the Black population, affecting the health conditions of this specific group, even during prolonged hospitalizations. It is worth noting that discussing health also entails discussing processes of inequalities and social oppression that hierarchize social relations. Therefore, in this context where the biomedical logic operates by locating the ailing body as the core, difference is suspended as well as the humanity inhabiting this body marked by illness, allowing the maintenance of inequities based on racism, adult-centricism, and ableism.Thus, this dissertation aims to explore, from the perspective of equity, the presences and absences of the racial issue in the healthcare of chronically ill children and adolescents. It is a qualitative research using ethnography as a method and storytelling as a tool, based on the playful universe, aimed at healthcare workers, addressing the racial issue in a language suitable for children and teenagers. In an attempt to activate a sensitive dimension of these workers - in order to avoid falling into the myth of racial democracy that operates in our society - we sought the ethnographic approach, valuing informal conversations, where there was no "artificial" atmosphere of research. Five months of field resea It is a qualitative research using ethnography as a method and storytelling as a tool, based on the playful universe, aimed at healthcare workers, addressing the racial issue in a language suitable for children and teenagers. In an attempt to activate a sensitive dimension of these workers - in order to avoid falling into the myth of racial democracy that operates in our society - we sought the ethnographic approach, valuing informal conversations, where there was no "artificial" atmosphere of research. Five months of field research were conducted, where eight conversation sessions took place, mostly composed of women and with the participation of only four men. From these encounters, twenty-one informed consent forms were signed. Some discussions were possible regarding territory, representations, stereotypes, and care priorities. It is concluded that the racial issue remains covered by the shadows of various hierarchies that place such a marker as secondary and of lesser importance compared to the complexity of medical care in chronic illness.
DeCS
Assistência Integral à SaúdeDoença Crônica
Racismo
População Negra
Equidade em Saúde
Proteção da Criança
Share