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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/20783
MEDICALIZAÇÃO, DIAGNÓSTICOS E PRESCRIÇÃO DE PSICOTRÓPICOS PARA CRIANÇAS NA PRIMEIRA INFÂNCIA: PRÁTICAS DISCURSIVAS DE MÉDICOS QUE TRABALHAM COM CRIANÇAS
Prescrições de Medicamentos
Psicotrópicos/administraçäo & dosagem
Transtornos Mentais/diagnóstico
Transtornos Mentais/terapia
Pré-Escolar
Pande, Mariana Nogueira Rangel | Date Issued:
2016
Alternative title
Medicalization, diagnosis and prescription of psychotropic drugs for children in early childhood: discursive practices of physicians working with childrenCo-advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
Esta pesquisa analisou práticas discursivas de psiquiatras da infância, neuropediatras e pediatras de serviços públicos no município do Rio de Janeiro, sobre diagnósticos e terapias, inclusive psicofarmacológicas, utilizadas com crianças, sobretudo na primeira infância. Dentre os principais achados, destacam-se que: a) há uma dissonância significativa entre o que se sabe sobre a segurança e a eficácia da medicação das crianças na primeira infância, sobretudo a longo prazo, e a prática cotidiana, com sérias implicações éticas; b) a agressividade e a violência tornam-se insígnia de sintoma e transtorno mental, implicando na necessidade de tratamento, a partir de uma condição histórica fundamental que coloca a periculosidade como elemento de cuidado e controle; c) o processo da educação e da escolarização exerce um papel fundamental na demanda por atendimento formulação de diagnósticos desde o alienismo há uma relação íntima entre esses elementos, com características específicas na contemporaneidade; d) a relação entre as especialidades e os diferentes papéis que cada uma atribui a si e aos demais mostra as concepções que se constroem acerca da compreensão acerca dos problemas mentais e comportamentais na infância; as variações entre as práticas de psiquiatras e neuropediatras parecem ser menores do que se supõe, constituindo-se como verdadeira arena de disputa de poder; e que a pediatria ocupa um lugar limítrofe quanto aos problemas mentais e comportamentais, tendendo a uma nova forma de especialismo; e) as noções diagnósticas de base para o tratamento, de modo que as classificações diagnósticas oficiais têm se tornado critério cada vez mais dominante de compreensão nosográfica e nosológica, dando pouco espaço à criação e à resistência entre as diferentes especialidades e vertentes.
Para a análise desses pontos, foi necessário buscar algumas raízes da psiquiatria infantil, compreendendo as impressões e os relatos dos entrevistados a partir de uma construção histórica que apresenta continuidades e rupturas. Para a leitura desses processos, usamos como balisa a produção arqueológica e genealógica de Foucault, compreendendo essas relações a partir de jogos e disputas de poder. A pesquisa mostrou que existe uma continuidade que atravessa as diferentes especialidades e diz respeito à disputa sobre a finalidade do tratamento, ora combatendo o sofrimento mental, ora visando a adaptação social. Identifica, finalmente, alguns aspectos do funcionamento da rede de saúde mental que colabora para uma certa forma de medicalização da infância, que não se restringe unicamente à formação e à prática dos profissionais de saúde.
Abstract
This research analyzed discursive practices of child psychiatrists, neurologists and pediatricians in public health services in the city of Rio de Janeiro, on diagnostics and therapies, including psychopharmacological, used with children, especially preschoolers. Among the main findings, it highlights that: a) there is a significant mismatch between what is known about the safety and efficacy of the medication of preschoolers, especially in long-term, and daily practice, with serious ethical implications; b) aggression and violence became signs of symptom and mental disorder, resulting in the need of treatment from a fundamental historical condition that poses dangerousness as element of care and control; c) the process of education and education plays a key role in the demand for care and diagnostic formulation - since alienism there is a close relationship between these elements, with specific characteristics in the contemporary world; d) the relationship between the specializations and the different roles that each attaches to itself and the other shows the concepts that build on the understanding of mental and behavioral problems in childhood; variations between the practices of psychiatrists and child neurologists appear to be smaller than assumed, establishing itself as a true area of power struggle; and pediatrics occupy a borderline place related to mental and behavioral problems, tending to a new form of specialness; e) diagnostic notions work as a base for treatment, so that the official diagnostic classifications have become the increasingly dominant criterion for nosographic and nosological understanding, giving little space to the creation and resistance between different specialties and branches.
For the analysis of these points, it was necessary to find some roots of child psychiatry, understanding impressions and reports of respondents from a historical building that has continuities and ruptures. To read these processes, we use as reference the archaeological and genealogical perspective of Foucault, understanding these relationships from power struggles. Research has shown that there is a continuity that runs through the different specialties and concerns the dispute about the purpose of treatment, sometimes fighting mental suffering, sometimes aimed at social adaptation. We identify finally some aspects of the functioning of the mental health services network that contribute to a certain form of medicalization of childhood, which is not restricted only to training and practice of health professionals.
DeCS
MedicalizaçãoPrescrições de Medicamentos
Psicotrópicos/administraçäo & dosagem
Transtornos Mentais/diagnóstico
Transtornos Mentais/terapia
Pré-Escolar
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