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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/61823
EXPERIÊNCIAS DE CONVIVÊNCIA COM O TRANSTORNO MENTAL GRAVE: NARRATIVAS SOBRE O PROCESSO DE RECUPERAÇÃO PESSOAL
Pacientes
Narrativa Pessoal
Processo Saúde-Doença
Serviços de Saúde Mental
Pacientes
Narrativa Pessoal
Processo Saúde-Doença
Serviços de Saúde Mental
Pesquisa Qualitativa
Mental Health
Patients
Personal Narrative
Health-Disease Process
Mental Health Services
Souza, Yasmin Furtado de | Date Issued:
2023
Alternative title
Experiences of living with severe mental disorder: narratives about the personal recovery processAuthor
Advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
Este estudo visa compreender o processo de recuperação pessoal (recovery) de pessoas que experimentam vivências relacionadas a transtornos mentais graves. Para tanto, além da revisão crítica da noção de recuperação pessoal em diálogo com o campo da atenção psicossocial brasileira, desenvolvemos uma pesquisa qualitativa, baseada na hermenêutica gadameriana e materializada através entrevistas na modalidade de narrativas de vida. Os sujeitos da pesquisa foram cinco pessoas que se reconhecem em processo de recuperação pessoal e integram um coletivo de usuários de saúde mental de uma metrópole brasileira. Através da análise narrativa, foram organizados quatro eixos temáticos: (1) facilitadores do processo de recuperação pessoal e estratégias de lida para vivê-lo; (2) barreiras ao processo de recuperação pessoal; (3) relação com o diagnóstico; e (4) a provisão ambiental como facilitadora da recuperação pessoal. O estudo mostrou que a participação em alguns espaços sociais como a instituição religiosa e a instituição de tratamento, por exemplo, facilita a experiência da recuperação pessoal. As barreiras ao processo de recuperação dos entrevistados aparecerem bastante ligadas às relações com os profissionais de saúde e a relatos de estigma/preconceito sofridos, no que diz respeito a experiências de adoecimento e tratamento, assim como de gênero e raça/cor. Encontramos uma grande variação de impressões, afetos e vivências no que se refere à relação dos sujeitos da pesquisa com o seu diagnóstico Variação esta que se estende do incômodo com sua imprecisão em alguns casos, até a indiferença para algumas pessoas e a discordância ou a associação com estigmas para outras. Além disso, vimos que, ao receber o diagnóstico, certos entrevistados relembraram problemas de saúde mental vividos por familiares, o que gerou angústia, insegurança e outros afetos de difícil manejo. Já outros, ao ouvir seu diagnóstico, tiveram experiências de maior conexão ou identificação com familiares que também viveram problemas de saúde mental. Tais experiências serviram-lhes para construir um sentimento de que eram “apenas mais uma pessoa entre outras” a viver certas dificuldades, ou seja, o sofrimento e as diferenças nos seus modos de ser encontravam um lugar familiar para a existência. Concluímos indicando que a perspectiva da recuperação pessoal deve ser incorporada à atenção psicossocial brasileira, considerando, é claro, as nossas especificidades sociopolíticas e culturais.
Abstract
This study aims to understand the process of recovery of people who live with severe mental disorders. To that end, in addition to the critical review of the notion of recovery in dialogue with the Brazilian psychosocial care field, we developed a qualitative research, based on Gadamer's hermeneutics, and materialized it through interviews in the form of life narratives. The research subjects were five people who consider themselves in the process of recovery and are part of a mental health patient group in a Brazilian metropolis. Through narrative analysis, four thematic axes were developed: (1) facilitators of recovery process and coping strategies; (2) barriers of recovery process; (3) relationship with diagnosis; and (4) environmental provision as a facilitator of recovery. The study showed that participating in social spaces such as religious institutions and treatment institutions, for example, facilitates the experience of recovery. Barriers to the interviewees' recovery process seem to be closely linked to relationships with health professionals, and to the experience of stigma/prejudice suffered by the respondents related to illness and treatment experiences, as well as gender and race/color. We found a wide range of impressions, affections and experiences regarding the interviewees' relationship with their diagnosis This variation extends from discomfort with the diagnosis inaccuracy in some cases, to indifference for some people, and disagreement or association with stigmas for others. In addition, we saw that, upon receiving the diagnosis, certain interviewees recalled mental health problems experienced by family members, which generated anguish, insecurity and other emotions that were difficult to manage. Others had experiences of greater connection or identification with family members who also experienced mental health problems. Such experiences served to build a feeling that they were “just another person among others” experiencing difficulties. In other words, the suffering and differences in their ways of being found a familiar place to exist in. We conclude by suggesting that the perspective of recovery must be incorporated into Brazilian psychosocial care, considering, of course, our sociopolitical and cultural specificities.
Keywords in Portuguese
Saúde MentalPacientes
Narrativa Pessoal
Processo Saúde-Doença
Serviços de Saúde Mental
DeCS
Saúde MentalPacientes
Narrativa Pessoal
Processo Saúde-Doença
Serviços de Saúde Mental
Pesquisa Qualitativa
Mental Health
Patients
Personal Narrative
Health-Disease Process
Mental Health Services
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