Sistema de Informação de Leishmaniose Visceral (LV) em Belo Horizonte – Minas Gerais: avaliação do subcomponente Inquérito Canino no período de 2006 a 2010

Abstract

Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Belo Horizonte (SMSA/PBH), em parceria com a Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (PRODABEL), desenvolveu e implantou, em 2006, um sistema informatizado para registrar as atividades de inquérito canino para controle da leishmaniose visceral. O estudo, baseado em dados secundários, teve como objetivo analisar e qualificar os dados do Sistema de Informação de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte do componente leishmaniose visceral - subcomponente inquérito canino (SCZOO/LV/IC) no período de 2006 a 2010. Os dados foram exportados do SCZOO em dois momentos, a base inicial foi utilizada para avaliação das incompletudes e após a qualificação dos dados, foi feita comparação com a base final. Foram avaliadas a completude das variáveis “resultado de exame”, “descrição do histórico do destino do animal” e a qualidade do geoprocessamento. Para qualificação dos dados da variável “resultado de exame” utilizou-se os protocolos de exames arquivados no Laboratório de Zoonoses e para a variável “destino do animal” utilizou-se os termos de “Cientificação de resultado de exame laboratorial reativo para Leishmaniose Visceral Canina e busca domiciliar de animal soropositivo” arquivados no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). O geoprocessamento foi realizado inicialmente com as coordenadas geradas automaticamente pelo sistema com base no endereço do imóvel e posteriormente foi associada a informação das quadras para os dados não georreferenciados adequadamente na primeira tentativa. Para as análises dos cães de resultado “IN – Indeterminado” cujo acompanhamento é realizado na categoria de boletim “IN – Indeterminado” foi criada uma planilha específica e identificadas as seqüências de coletas dos animais. Após a qualificação dos dados, a completude das variáveis “resultado de exame”, “destino do animal” e a qualidade do geoprocessamento apresentaram escore de classificação excelente, bom e excelente, respectivamente. Foram resgatados os resultados de exames de 1.563 registros. Considerando o período de 2006 a 2010 a positividade canina foi de 8,10%, o percentual de eutanásia foi de 84,69% e a oportunidade de retirada dos animais sororreagentes foi de 40,4 dias entre a data da coleta e a data da eutanásia. Percebeu-se a evolução das atividades de inquérito canino no município com a ampliação da atividade “CE – Censitário” e redução da demanda espontânea (denúncia) e realização de raios censitários em torno dos casos humanos (Raio Humano). A positividade canina apresentou variação entre as regionais, sendo 3,66% na regional Centro Sul e 9,74% em Venda Nova. As categorias de atividade, cuja coleta foi feita pelo CCZ, apresentaram maiores percentuais de positividade. Observou-se que todas as regionais apresentaram cães sororreagentes, variando os locais de maior densidade conforme o período analisado. O maior percentual de casos de LVC (58,96%) e LVH (53,31%) concentrou-se na estratificação de altitude 780 a 879m acima do nível do mar. Dentre o total de amostras que apresentaram resultado de exame indeterminado na primeira coleta 9.771 (49,73%) tiveram realização de novo exame, dos quais 7.983 (81,70%) apresentaram resultado “RE-Reagente”. A oportunidade de retirada dos animais indeterminados que positivaram na segunda coleta (80,05%) foi de 102 dias. A permanência destes animais por mais tempo no ambiente pode contribuir para a existência de focos mantenedores de leishmaniose visceral canina (LVC) e menor impacto das medidas de controle na cidade. A construção e utilização do SCZOO/LV/IC foi um grande passo para a melhor estruturação e planejamento das ações, contribuindo para a perspectiva de construção e adequação de um sistema de informação para acompanhamento das atividades do PCLV no âmbito estadual e federal.