RADIS - Número 94 - Junho

Abstract

Nesta edição, dois temas centrais são abordados: a formulação de políticas para garantir educação de qualidade para todos e a substituição da "indústria da seca" por uma convivência mais sustentável com o Semiárido brasileiro, baseada na distribuição eficiente de água e terra. Na Conferência de Educação em Brasília, Bruno Dominguez e a editora Eliane Bardanachvili destacaram discussões que impactam a qualidade de vida e o desenvolvimento do país. Foi aprovada a criação de um Fórum Nacional de Educação para acompanhar o novo plano decenal (2011-2020). Os participantes defendem aumento no investimento em educação pública, propondo elevar os recursos mínimos para 7% do PIB em 2011 e 10% em 2014, argumentando pela necessidade de determinar o valor necessário para oferecer um ensino mais inclusivo. No encontro da Articulação no Semiárido, em Juazeiro/BA, identificou-se que o problema no sertão não é a seca em si, mas as cercas que limitam o acesso à água. Enquanto oligarquias concentram terra e água para monoculturas, há esforços de pequenos agricultores e entidades para acabar com a desigualdade, preservar o ambiente e promover práticas como agricultura familiar, economia solidária e educação contextualizada. Esses grupos construíram 300 mil cisternas e buscam alcançar um milhão, proporcionando água para consumo humano e atividades agrícolas. Eles defendem uma convivência harmônica com o Semiárido e criticam projetos como a transposição do rio São Francisco, que destinam apenas 4% das águas para a população local. O retorno ao Semiárido com dignidade é uma opção crescente para emigrantes e seus descendentes, conforme relatam os entrevistados, destacando a importância desse movimento pessoalmente, pois ambos são netos dos sertões do Ceará e da Bahia. O texto encerra com uma reflexão sobre a vida na região do Umbuzeiro, na Caatinga baiana, baseada nas memórias do avô do autor até 2009.