RADIS: Comunicação e Saúde, número 163, abril

Abstract

O texto aborda o elevado custo dos medicamentos, apontando que isso não está diretamente ligado à necessidade de recuperar investimentos em pesquisa, mas sim ao interesse dos fabricantes em obter lucros exorbitantes, facilitado pela legislação internacional e brasileira. Os principais custos dos laboratórios não são a inovação e produção, mas sim despesas com propaganda e marketing, incluindo o aliciamento direto ou indireto de médicos para prescreverem seus produtos. Para contextualizar a falta de acesso a medicamentos como um dos principais problemas de saúde no país, a repórter entrevistou diversos stakeholders, incluindo usuários, ONGs, pesquisadores, profissionais de saúde e gestores de instituições públicas relacionadas à produção e distribuição de medicamentos. Destaca-se também a legislação sobre patentes, que muitas vezes prioriza os lucros das empresas farmacêuticas em detrimento da saúde pública. O caso emblemático de Nelson Mandela autorizando a quebra de patentes para tratar a crise de HIV/aids na África do Sul é mencionado, assim como os esforços do governo brasileiro nos anos 1990 para aprovar leis de patentes que favorecessem multinacionais em detrimento da indústria farmacêutica nacional. O texto critica a ganância da indústria farmacêutica, exemplificada pelo alto custo do antiviral sofosbuvir para o tratamento da hepatite C, e ressalta como o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) prejudica o acesso da população a medicamentos essenciais. Finalmente, destaca-se a importância da participação política dos cidadãos para preservar a democracia e garantir a saúde como um direito universal, especialmente em tempos de crise política.