Avaliação da implementação da investigação de casos de AIDS associados à transfusão sanguínea

Abstract

Este trabalho teve por objetivo avaliar a implementação da investigação dos casos de aids associados à transfusão sanguínea em três Unidades Federadas (UF) do Brasil – Distrito Federal, Mato Grosso e Paraná. A partir de levantamentos realizados nas coordenações de vigilância epidemiológica (VE) das DST/Aids estaduais e municipais (capitais) dessas UF foram analisadas as investigações dos casos de aids associados à transfusão e notificados entre 2002 e 2008, que constavam nos bancos de dados do SINAN estadual e nacional do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (versões Windows e Net). Uma avaliação normativa foi conduzida, por meio de um estudo de casos múltiplos, para estimar o grau de implementação da investigação dos casos de aids associados à transfusão sanguínea nos serviços de VE desses locais. Foi utilizada uma matriz de julgamento explorando o conceito de qualidade como dimensão da avaliação categorizada em índices de conformidade, disponibilidade e qualidade técnico-científica. Pontuações específicas foram atribuídas às categorias, classificando a intervenção nas UF selecionadas em: implementada; parcialmente implementada e não implementada. A investigação dos casos de aids associados à transfusão revelou-se parcialmente implementada no DF, e não implementada em Mato Grosso e Paraná. Índices com maior pontuação foram obtidos pelo DF, considerando conformidade do processo e disponibilidade de recursos que atingiram uma pontuação máxima de 88,2 % e 75%, respectivamente. O índice mais problemático foi o da qualidade técnicocientífica, pois a maior pontuação foi a do DF com 37,5% da pontuação esperada. Por englobar atividades prioritárias para a implantação da intervenção e devido ao seu grande peso político-organizacional, a conformidade constituiu a essência do processo. Dessa forma, tornou-se necessária a revisão das estratégias técnicas e operacionais no intuito de melhorar a implementação na VE, principalmente em relação às atividades ligadas à obtenção de dados mais consistentes. Recomenda-se para os serviços de VE o monitoramento oportuno por meio de indicadores e maior cuidado com a coleta sistemática de informações, principalmente por se tratar de um evento raro que tem exigido a integração das Vigilâncias Epidemiológica e Sanitária, possibilitando uma hemovigilância plenamente atuante.