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HISTÓRIAS DE UTILIZAÇÃO DE PÍLULAS ANTICONCEPCIONAIS NO BRASIL, NA DÉCADA DE 1960
Silva, Cristiane Vanessa da | Fecha del documento:
2017
Orientador
Afiliación
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Resumen en portugues
A pílula anticoncepcional é um objeto médico que ainda em tempos atuais incita controvérsias e discussões. Aprovada para comercialização em 1960, nos Estados Unidos, rapidamente se difundiu pelo mundo, chegando às farmácias brasileiras no início dessa década. O objetivo geral desta pesquisa foi contribuir para uma história social da incorporação das pílulas anticoncepcionais no cotidiano feminino e dos efeitos dessa tecnologia em novas formas de gestão da fecundidade através das experiências de gerações pioneiras de mulheres que usaram o anticoncepcional oral, nos anos de 1960. Foi utilizado o método da história oral. Compuseram o corpus de análise 14 entrevistas com mulheres, residentes no Estado do Rio de Janeiro, que utilizaram pílulas anticoncepcionais nos anos de 1960. A análise narrativa e temática dos conteúdos originou três grandes enunciados: \201CTrajetórias afetivo- sexuais das mulheres nos anos de 1960: permanências e mudanças\201D; \201CMaternidade e fecundidade nas dobras da história: vida reprodutiva e gestão da fecundidade sob novas referências\201D e \201CA pílula anticoncepcional no cotidiano feminino\201D. No primeiro, discutimos como importantes mudanças na esfera política, econômica, social e cultural repercutiram nas trajetórias afetivo-sexuais das mulheres. No segundo, enfocamos como a intensificação dos processos de medicalização, materializados por técnicas médicas e hormonais de anticoncepção, suscitou remodelamentos nas normas da maternidade, na organização da vida reprodutiva e na gestão da fecundidade. No terceiro enunciado, aprofundamos as discussões sobre o uso cotidiano da pílula, refletindo sobre como as tecnologias contraceptivas hormonais efetuaram novas associações entre mulheres, médicos, mundo da farmácia, familiares, parceiros e pares e novas formas de viver e cuidar do próprio corpo. As pílulas anticoncepcionais integraram as novas referências que foram impulsionadas pelos processos de modernização. Romper com o tradicional era incluir o anticoncepcional na cesta de necessidades das mulheres. Métodos anteriormente utilizados tais como a camisinha, o coito interrompido, chás e a tabela foram desqualificados em favor das pílulas anticoncepcionais. As pílulas exigiam um conhecimento especializado, oportunizado pelos médicos, farmacêuticos e pela bula. Este dispositivo foi objeto médico central na reformulação das normas da sexualidade feminina. Neste contexto, os médicos foram os gestores, mediadores e legitimadores dessa tecnologia pautada nos conceitos científicos. A confiança da mulher em seu médico, assim como o interesse por gerir sua vida reprodutiva, fizeram a mulher criar uma ética para o uso do medicamento, bem como enfrentar seus efeitos colaterais, minimizando-os ou dissociando-os de problemas com a saúde. Os parceiros não foram agentes passivos neste processo, cooperaram levando suas esposas aos consultórios médicos, compraram o medicamento e em determinados momentos apenas não se opuseram à decisão feminina pelo uso do método. O cuidado de si tornou-se gestão da fecundidade e num movimento de duplo sentido, aparentemente contraditório, profuso e ambíguo, o corpo feminino passou a ser controlado e tutelado pela medicina, ao mesmo tempo que, para as mulheres usar pílulas passou a representar um grau de autonomia e controle sobre sua fecundidade. Nas vozes de mulheres brasileiras conhecemos o transfundo dos contraceptivos hormonais orais que se enveredam por discussões na contemporaneidade.
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