Tendência espaço temporal da AIDS em residentes de Olinda PE no período de 1987 a 2006

Abstract

Estima-se que 33,2 milhões de pessoas vivem com a infecção pelo HIV/aids no mundo (UNAIDS/WHO, 2008). Segundo critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem uma epidemia concentrada com prevalência da infecção pelo HIV superior a 5 por cento em uma ou mais subpopulações com comportamento de alto risco, e com uma taxa de prevalência de 0,6 por cento na população geral de 15 a 49 anos. O contínuo e progressivo surgimento de novos casos da doença e o aumento na sobrevida dos pacientes, a partir da adoção da terapia anti-retroviral combinada, aumenta o desafio para a saúde pública quanto aos aspectos relativos à prevenção e a disseminação do vírus na população em geral. Olinda, menor município da Região Metropolitana do Recife, Pernambuco, com 40,83 Km2, ocupa atualmente a 3ª posição estadual em número de casos de aids. Este trabalho tem como objetivo descrever a tendência dos casos de aids em adultos, residentes de Olinda, e sua distribuição geográfica e temporal, no período de 1987 a 2006, segundo bairro de residência, idade, sexo, escolaridade, categoria de exposição e raça/cor. O estudo é baseado em dados secundários, oriundos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) Aids, da Secretaria de Saúde de Olinda. Foram construídos taxas e indicadores sóciodemográficos. para a análise de tendência espaçotemporal, os casos foram divididos em dois períodos de 10 anos que representaram o anterior (1987 a 1996) e posterior (1997 a 2006) a introdução universal da terapia antiretroviral, representando a espacialização no mapa da cidade, segundo bairro e sexo. Do total de 896 casos estudados, 74 por cento são do sexo masculino; apesar de se verificar uma progressiva ampliação da participação de casos do sexo feminino, representada pela razão de sexo (M: F) que nos primeiros anos da epidemia era de 25,5: 1, atingindo em anos mais recentes, uma razão de apenas 2:1. O maior número de casos está situado na faixa etária dos 25 aos 49 anos para ambos os sexos. A incidência média variou de 7,5 por 100.000 hab, nos anos inicias de 1987 a 1991, para 50,2 por 100.000 hab., no último período de 2001 a 2006. A análise do perfil epidemiológico da aids aponta para os fenômenos de feminização, heterossexualização e pauperização, a exemplo do que já se verifica em todo o país. É necessário aprofundar os conhecimentos sobre grupos de maior vulnerabilidade, traduzidos por características tanto biológicas como espaciais, para um melhor planejamento, organização e operacionalização de políticas de prevenção e controle em nível local