Assistência Materno-Infantil: um estudo de caso no sertão do Araripe, 2002 a 2012

Abstract

Introdução: A intensa e histórica desigualdade social e suas iniquidades ainda é presente no Brasil, não sendo uma característica exclusiva de Pernambuco. Entretanto, aqui elas se mostram em parcela significativa da população, de forma mais acentuada quanto mais distante da capital do estado, o que se repete em todos os estados do Norte e Nordeste do país de forma mais ou menos acentuada. Levando em consideração esse perfil de desigualdades dos indicadores relativos à assistência materno-infantil, e que a grande maioria dos estudos se restringem ao estado e à capital, este estudo trará contribuição para o conhecimento da evolução/situação da assistência materno-infantil desenvolvida em uma área pobre do estado de Pernambuco. Objetivo: Avaliar a evolução da Assistência Materna Infantil no Sertão do Araripe, entre 2002 e 2012, tendo 2002, 2007 e 2012 como anos de avaliação, com intuito de analisar a capacidade instalada e descrever o desempenho da rede materno-infantil no sertão do Araripe, avaliar a visão dos gestores e profissionais sobre a assistência materno-infantil desenvolvida nesta região e analisar a influência das Políticas de Saúde Materno-Infantil (Programa Mãe Coruja Pernambucana) nesta regional. Metodologia: Trata-se de um Estudo de Caso com abordagem de métodos quantitativos, utilizando dados dos sistemas nacionais de informação em saúde: SIH, SCNES, SIAB, SINASC, SIM, e aplicação de questionários aos profissionais (médicos e enfermeiros) que trabalham na maternidade de referência e na maternidade de um município de pequeno porte da regional de saúde e métodos qualitativos, através de entrevistas com gestores (regionais da secretaria estadual de saúde e municipais). Apesar da tendência de queda do indicador de mortalidade infantil, ainda é marcante a desigualdade desses números nas regiões do país, não sendo diferente no estado de Pernambuco. Esse indicador é sugestivo da qualidade dos programas/políticas da área materno-infantil e da (in)efetividade dos sistemas locais de saúde em reduzir as desigualdades perante a saúde. O mesmo comportamento não é observado em relação à mortalidade materna que não reduziu neste período do estudo e permanece alta. Os resultados deste estudo evidenciam um cenário caracterizado por indicadores que apontam melhorias na assistência prestada às mulheres e crianças da região estudada, como também sinalizam problemas na organização do serviço e a existência de um paradoxo, uma vez que apesar da boa cobertura regional de atenção primária, permitindo melhor acesso ao pré-natal e aumento do número de consultas, da melhoria nas maternidades e instalação de um serviço de referência, a qualidade dessa assistência ainda deixa a desejar.