O processo de trabalho e a saúde dos trabalhadores do Núcleo de Apoio à Saúde da Família no município do Rio de Janeiro

Abstract

O estudo trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa, que objetivou analisar, na perspectiva dos trabalhadores do NASF no município do Rio de Janeiro, as relações entre o processo de trabalho por eles vivenciado e a sua saúde. O Ministério da Saúde regulamentou em 2008 o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) como um dispositivo de suporte e complementariedade da Estratégia Saúde da Família (ESF). No município sua implementação ocorreu a partir de 2011, através de vínculos de trabalho com Organizações Sociais (OS), que flexibilizam a contratação dos recursos humanos, precarizam o trabalho e a saúde dos trabalhadores. Realizou-se uma análise das propostas de trabalho da ESF e do NASF em âmbito nacional e municipal, levando em consideração a gestão, planejamento e organização do trabalho diante dos ditames da reestruturação produtiva, a partir das peculiaridades do município do Rio de Janeiro no desenvolvimento das políticas de saúde. O estudo partiu do referencial teórico metodológico, fundado no materialismo histórico dialético em Marx e das categorias processo de trabalho e saúde do trabalhador. A coleta de dados foi realizada com 17 profissionais atuantes nas equipes do NASF, no período de agosto a novembro de 2018, por meio de grupos focais. As informações provenientes das entrevistas foram examinadas através da análise de conteúdo proposta por Bardin. Dos discursos dos profissionais emergiram três eixos analíticos: cotidiano do trabalho, em que foi descrito o processo de trabalho com os principais desafios e potencialidades; especificidades do trabalho do NASF no município, onde foi refletido sobre a relação entre processo de trabalho, saúde do trabalhador com estas particularidades e, por fim, problematizações dos trabalhadores sobre a sua saúde, o qual evidenciaram os sentimentos sobre o trabalho, como também os problemas de saúde e processo de adoecimento. Em termos gerais, o estudo revelou que o modelo adotado no município promove sobrecarga de trabalho, precarização do trabalho, fragilidade dos vínculos de trabalho. Ressalta-se nesse processo o sofrimento atrelado ao trabalho, a frustração, angustia cansaço e exaustão, que repercute de diferentes formas no adoecimento dos trabalhadores com crises de ansiedade, depressão, dores musculares, refluxos, etc.