A abordagem fisioterapêutica no movimento dos corpos que sofremum estudo de caso da clínica fisioterapêutica pediátrica na Unidade de Pacientes Graves do Instituto Fernandes Figueira/FIOCRUZ

Abstract

A intenção deste estudo nasce de uma indagação sobre as necessidades dos cuidados da clínica fisioterapêutica para crianças com disfunção motora, internadas na Unidade de Pacientes Graves do IFF. Nossa intenção é falar sobre o corpo, a partir de uma abordagem leve em conta não apenas a sua dimensão mecânica/motora, mas também compreenda as emoções, a linguagem, a história, as subjetividades que nele se encarnam e que vão constituindo cada criança.Partindo de um estudo de caso, de cunho qualitativo, numa perspectiva etnográfica, utilizando a técnica de observação participante, procuramos refletir sobre a clínica fisioterápica. Duas preocupações embasaram nossa proposta etnográfica:participar do cenário social, observando todo o eco ambiente circundante; anotar de forma regular e sitemática o observado, redigindo posteriormente histórias, de forma analítica, para desenvolver interpretações, questões e temas sobre as categorias selecionadas.A série documental produzida, foi analisada em 3 etapas: uma leitura de todas as notas de campo, enquanto um corpus, considerando todo o registro da experiência de campo; a combinação da leitura minuciosa com procedimentos de codificação qualitativa analítica e aberta do diário de campo. E por fim, a análise semiótica. A análise nos mostra a clínica ampliada, que não se restringe às particularidades das doenças, mas considera-as tanto quanto às das crianças. Apresenta a interação como experiência do relacionar-se, de estabelecer o contato com outra pessoa, revelado pelas atitudes,olhares,gestos,mímicas e manifestações corporais. Diz ainda sobre a importância do toque como participante dessa prática apontando a estimulação tátil e seus efeitos profundos sobre as respostas humanas.O atendimento clínico fisioterápico, portanto, deve transcender o tradicional reabilitar, propiciando às crianças que historicizem as marcas que as diferenciam, a partir do desafio que elas nos lançam na sua dinâmica motora, com seu corpo comprometido fisicamente, nos interpelando a olhá-la além das intervenções linearmente uniformes e dos preconceitos estabelecidos para compreender e vivenciar as experiências corporais como um dos meios para auxiliar o desenvolvimento e o crescimento infantis.