Efetividade da implementação de teste rápido molecular sobre o desfecho do tratamento dos casos de tuberculose pulmonar no Município do Recife

Abstract

O Brasil ocupa a 20ª posição em número de casos de tuberculose (TB) no mundo. Vulnerabilidade social, agravos associados e falhas na “linha de cuidados” na Atenção Básica à Saúde (ABS), contribuem para o atraso no diagnóstico e mortalidade por TB. A introdução do teste rápido molecular para TB (TRM-TB) de rápida execução, elevada acurácia, além de fornecer o perfil de sensibilidade à rifampicina, pode contribuir para a efetividade do Programa de controle da Tuberculose (PCT). Este estudo teve como objetivo principal analisar a efetividade do TRM-TB no desfecho do tratamento da TB pulmonar, associada ou não a formas extrapulmonares, após exclusão dos casos de abandono do tratamento, em unidades de saúde da ABS do Recife, entre 1º de junho de 2014 e 31 de maio de 2015. Realizou-se um estudo de caso-controle, considerando casos os indivíduos com desfecho desfavorável (óbito e falência ao tratamento) e controle os que tiveram desfecho favorável (cura), após tratamento. Para analisar o efeito independente da principal variável de exposição, o TRM-TB, sobre o desfecho, procedeu-se à regressão logística multivariada. Após ajuste dos potenciais fatores de confusão, permaneceram no modelo multivariado final associados ao desfecho desfavorável, de forma independente, faixa etária de 30 a 59 (OR 1,84; IC 95% 1,03-3,28; p=0,038) e > 60 anos (OR 3,53; IC 95% 1,83-6,81; p<0,001), hábito de ingerir bebida alcoólica (OR 1,56; IC 95% 1,02-2,41; p=0,042), status HIV não investigado (OR 2,47; IC 95% 1,57-3,89; p<0,001) e presença do HIV (OR 4,94; IC 95% 2,51-9,73; p<0,001). Em relação à covariável Unidade de Saúde, foram identificadas como fator de proteção, atendimento em unidades prisionais (OR 0,27; IC 95% 0,11-0,65; p=0,004) e policlínicas (OR 0,40; IC 95% 0,23-0,68; p=0,001). O estudo sugere que apesar do TRM-TB representar uma ferramenta diagnóstica eficaz, sua inserção no (PCT) no município do Recife, não se mostrou efetivo para o desfecho favorável do tratamento.