Abstract in Portuguese | A ventilação pulmonar mecânica vêm sendo utilizada no tratamento dos distúrbios respiratórios graves dos recém-nascidos, principalmente dos prematuros, desde o início da década de sessenta. Esta tecnologia médica se constitui em um recurso terapêutico imprescindível nas unidades de terapia intensiva neonatal e exige a presença de uma equipe bem treinada de profissionais médicos e de enfermagem, dentre outros. Também é necessário o uso de equipamentos sofisticados, além de uma complexa infraestrutura laboratorial. Mas apesar de sua importância, a ventilação pulmonar mecânica neonatal encerra riscos de complicações de curto, médio e longo prazos. Com o objetivo de conhecer e avaliar informações sobre estrutura, processo e resultados da ventilação pulmonar mecânica em nosso meio, foram revistos os prontuários médicos de 210 recém-nascidos ventilados na UTIN do Instituto Fernandes Figueira, FIOCRUZ, Rio de Janeiro, durante os anos de 1991, 1992 e 1993. Foram coletados dados sobre a estrutura da UTIN, gestação, tipo de parto, características da internação e evolução clínica dos pacientes. Além disso, também foram colhidas informações sobre o processo de ventilação mecânica propriamente dito, como exturbação, parâmetros respiratórios, análise das gasometrias e complicações. A efetividade da tecnologia foi estudada selecionando-se crianças portadoras de uma " doença traçadora" - a doença de membranas hialinas. Os resultados da ventilação mecânica, neste grupo, foram comparadas com aqueles da literatura internacional. Os resultados deste trabalho apontam para uma população de pacientes graves. A idade gestacional média foi de 32 semanas e 6 dias mais ou menos 19 dias, com uma taxa de prematuridade de 84,3 por cento e uma média de peso de 1599 mais ou menos 798 gramas. A média para o escore de Apgar do primeiro minuto de vida foi de 4.4 mais ou menos 2.5, e do quinto minuto de 6.8 mais ou menos 2.0. Dentre as entidades mórbidas responsáveis pelo processo de insuficiência respiratória destacam-se a doença de membranas hialinas (44,3 por cento) e as doenças infecciosas (26.2 por cento). As principais indicações para a ventilação mecânica foram a depressão ao nascer (33.8 por cento), a insuficiência respiratória causada pela DMH (23.8 por cento), e as apnéias por infecção inespecífica (21.9 por cento). Os recém-nascidos ventilados usaram oxigênio, em média, por 11.31 mais ou menos 13.74 dias (mediana = 6 dias) e, o tempo médio de ventilação mecânica, foi de 7.24 mais ou menos 9.15 dias (mediana = 4 dias). Quase metade das crianças (48.6 por cento) iniciou a ventilação mecânica com uma concentração de oxigênio de 100 por cento, sendo o valor médio do PIP de 19 mais ou menos 7.5. Os principais eventos adversos, observados durante o uso da ventilação pulmonar mecânica foram as extubações acidentais (6.1 eventos/100 dias de ventilação), as obstruções do tubo orotraqueal (3.4/100 d.v.) e as desconexões dos circuitos do AVPM (0.65/100 d.v.). As complicações clínica mais frequentes foram o pneumotorax (13.8 por cento) e a sepsis (12.9 por cento). A monitorização do processo se deu de forma clínica e laboratorial. Foram coletados dados sobre o número de gasometrias (1.73 exames/dia de ventilação); sobre o tempo médio entre a entubação e a primeira gasometria ( 3.2 +-3.5 horas, mediana= 2 horas) e sobre o número de relatos clínicos diurnos (1 relato a cada 3 horas) e noturnos (1 relato a cada 3 horas) e noturnos (1 relato a cada 3 horas e 9 minutos). A análise da mortalidade nos recém-nascidos ventilados no IFF, neste período, mostrou que 51,4 por cento foram a óbito. A mortalidade nos recém-nascidos ventilados por DMH (50,5 por cento) foi significativamente diferente da media relatada em alguns ensaios clínicos da literatura internacional (25,8 por cento). A sepsis foi a principal causa de óbito tanto no grupo geral (46,3 por cento), quanto naquele dos recém-nascidos ventilados por DMH (38.3 por cento). Estes dados mostram que a ventilação pulmonar mecânica neonatal na UTIN do Instituto Fernandes Figueira e significativamente menos efetiva que aquela praticada nos países desenvolvidos. Neste estudo são discutidas possíveis causas e soluções para o equacionamento deste problema. | pt_BR |