A escolha do método de escore da carga alostática influencia as associações encontradas? Resultados do ELSA-Brasil

Abstract

A carga alostática (CAL) é um importante índice multidimensional para indicar efeitos do estresse crônico sobre o organismo. Sua mensuração tem sido realizada a partir de parâmetros de vários sistemas biológicos. Apesar de sua importância em termos de predição e prevenção de doenças crônicas que podem se manifestar tardiamente, ainda há desafios metodológicos em relação a sua operacionalização. Comparar dois métodos de escore da carga alostática. A amostra do estudo incluiu 10.965 servidores públicos de 34 a 75 anos participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). A CAL foi mensurada com base em 15 parâmetros biológicos relacionados a medidas neurofisiológica, metabólicas, cardiovasculares e inflamatórias. Foram comparados dois métodos de escore da CAL, um baseado em valores e referência clínica e outro nos quartis superiores. Variáveis sociodemográficas como idade, sexo, raça e nível educacional foram analisadas. Foram estimadas média, desvio-padrão e prevalência. Teste t de Student, ANOVA e modelo de regressão linear foram conduzidos. A análise estatística foi realizada no R 3.3.1. Os resultados mostraram que a prevalência de participantes com parâmetros biológicos de elevado risco foi diferente de acordo com o método de escore da carga alostática. Os valores médios da CAL baseada em valores de referência clínica foram maiores segundo todas as variáveis sociodemográficas em comparação com os valores médios da CAL baseados nos quartis superiores da amostra. Entretanto, no modelo de regressão linear, a magnitude da associação observada foi similar quando comparados ambos os métodos de escore da carga alostática. Na população investigada, a proporção de participantes acima dos limiares clínicos dos parâmetros biológicos foi, em geral, mais elevada quando comparado com a proporção da população acima do quartil superior da distribuição dos parâmetros. Assim, a escolha do método influencia a classificação da população quanto ao perfil de risco, mas não quanto as associações observadas entre a carga alostática e o perfil sociodemográfico.