O rural invisibilizado? Análise do acesso aos serviços de saúde e a água pela população do campo do Ceará, 2000 a 2015

Abstract

As carências no acesso aos serviços públicos nas zonas rurais inviabilizam a permanência das populações no campo e intensifica o processo de êxodo rural. Apesar das diversas políticas públicas desenvolvidas na primeira década do século XXI muitas vezes tais iniciativas não se refletiram no aumento uniforme da oferta de serviços nas zonas rurais estado do Ceará. Analisar indicadores relacionados à saúde da população do campo, da floresta e das águas do Ceará do ano 2000 até a atualidade nas dimensões quantitativas e sua analise espacial. Serão priorizadas as dimensões demográficas, de saneamento e de saúde. Foi realizado um estudo descritivo baseado em dados secundários obtidos a partir das plataformas SIDRA do IBGE e do DATASUS. Os dados foram tabulados em Excel e, a partir deles, foram construídas taxas referentes a cobertura de abastecimento de água e de instalações sanitárias em domicílios rurais do estado do Ceará. Outros indicadores selecionados foram: número anual de visitas domiciliares por Equipes de Saúde da Família em zona rural por município e população residente em área rural. Uma análise espacial dos dados foi feita por meio da confecção de mapas temáticos com auxílio do software QGIS. Entre os anos de 2000 e 2010, o número de visitas domiciliares na zona rural sofreu queda de 76,65%, acompanhado de decréscimo de 0,38% no tamanho da população rural. O abastecimento de água por rede geral, carro pipa ou chuva contemplava, em 2000, 8,3% dos domicílios rurais, crescendo para 34% em 2010 e caindo para 30% em 2015. A análise espacial dos dados de abastecimento de água no Intervalo de 2000-2010 mostrou melhora uniforme em quase todas as regiões do estado, excetuando-se os municípios do Maciço de Baturité, Litoral Leste e Chapada do Araripe permanecem com taxas de cobertura próximas a zero. Observou-se, a partir dos dados, significativa piora no acesso aos serviços de saúde no campo e uma nova tendência de queda no acesso a água potável, apesar da sua melhora em 2000 a 2014 em quase todo estado. As dificuldades de acesso a água no campo alinhadas com ausência de saneamento e queda nas políticas públicas relacionadas a saúde no campo podem ser fatores que intensificam o êxodo rural.